Uma bermuda e uma camiseta. A bagagem do aventureiro Werner Hemmig, 61 anos, resume-se a duas peças de roupa e um recipiente plástico onde carrega um GPS, um cortador de unhas e outros utensílios igualmente pequenos. O minimalismo tem explicação: os objetos são levados amarrados ao casco do caiaque em que ele percorre o Litoral Norte catarinense desde dezembro do ano passado.
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A aventura solitária, que começou em Itapoá, deve terminar nos próximos dias, quando ele chegará a Tijucas. De lá, ainda não sabe se partirá rumo a uma nova expedição ou ficará descansando por uns dias. Esta é a primeira vez que Hemmig parte para uma jornada de caiaque, um desafio à parte. Desde os 16 anos ele faz viagens de bicicleta e já conheceu 10 países pedalando.
_ Eu não tinha parâmetros de outra aventura de caiaque. Não conheço ninguém que tenha feito _explica. Munido de remo e da pouca bagagem, o riossulense partiu de Itapoá no dia 25 de dezembro e ontem chegou a Balneário Camboriú de onde sairá em direção a Porto Belo.
Também no ano passado Hemmig ganhou o caiaque de um amigo, empresário em Porto Belo. Sua única travessia marítima até então não tinha sido bem sucedida, ele sequer gosta de falar sobre isso pois não conseguiu cumprir o trajeto proposto a nado, mas resolveu se aventurar pelo mar novamente. A embarcação é antiga, deve ter uns 30 anos, e não há espaço para nada dentro dela além das pernas de Hemmig. Por isso, ele não leva calçados ou qualquer mantimento.
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Também por isso, o percurso entre uma cidade e outra do Litoral Norte foi feito com pausas. Em cada cidade que para, Werner se hospeda em um hotel. Em São Francisco do Sul, por exemplo, permaneceu por 10 dias.
_ O tempo não estava bom e os pescadores me orientaram para não sair. Tinha muito vento _ explica. Hemmig chegou na terça-feira a Itajaí e dormiu em um hotel na Avenida Osvaldo Reis. Ele partiu da praia de Cabeçudas com destino a Balneário Camboriú. Quando chegar a Tijucas, terá percorrido mais de 200 quilômetros em menos de dois meses.
_ Às vezes também tenho que para para tirar a água que entra. A brincadeira toda, na verdade, é ter um equipamento frágil e tentar fazer alguma coisa _ explica.
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Outro obstáculo é a travessia entre costão, que exige muito mais atenção, especialmente quando há vento, além das ondas que podem levar o remador para alto mar.
_ Eu fico sempre perto da costa, até porque consultei a Capitania dos Portos em São Francisco do Sul e eles não permitem que se afaste muito.
Algumas das viagens de bicicleta ele chegou a pensar em fazer acompanhado. Colocou anúncios em revistas, mas ninguém se interessou. Assim, o aventureiro solitário se satisfaz fazendo amigos por onde passa.
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_ No Chile, por exemplo, dá até pena de ir embora quando vou _ conta Hemmig, que fará uma nova travessia sobre duas rodas em junho, saindo de Lima, no Peru, e indo até Santiago, no Chile.
Apesar de a bicicleta lhe dar a comodidade de poder levar mais bagagens, o aposentado não descarta uma nova aventura de caiaque, ainda este ano.