Usuários brasileiros do X (antigo Twitter), que moram em outros países, têm relatado sentimentos de solidão e isolamento na rede social desde o bloqueio da plataforma no Brasil, feito desde do último sábado (31), após decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). 

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Exemplo de quem está passando por isso é Camila Rosa, de 35 anos. A artista de Joinville, que está morando em Nova Iorque, nos Estados Unidos, criou uma conta no Twitter em 2010 e expõe estar sentido um “vazio” após os brasileiros não conseguirem mais acessar a rede social. 

— Tem sido muito estranho. O Twitter perde muito sem os brasileiros, fica sem graça, sem conteúdo, quase que uma rede social abandonada. É a primeira vez que a gente experiencia isso. Tem sido um vazio, porque você entra lá, não tem mais conteúdo. Por mais que eu more fora do Brasil, acho que 90% das contas que eu seguia ou que apareciam para mim eram conteúdos de brasileiros — pontua. 

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Camila destaca que o Twitter sempre foi a sua rede social preferida e onde conseguia relaxar, já que não costuma compartilhar coisas de trabalho nela. Por conta da decisão judicial, ela tem usado menos, mas pretende continuar com o perfil ativo. 

— Não vejo mais graça, mas não cogito parar de usar. Acho que essa questão com o Brasil será temporária. Teve um momento muito parecido, em 2013 ou 2014, em que os brasileiros estão vivendo agora, porque o Twitter não era muito forte. Uma galera abandonou o Twitter e eu continuei lá. É uma rede social que eu me divirto. Vou continuar e ver como essa situação se desenvolve — argumenta. 

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De acordo com a artista, o tema “suspensão do Twitter no Brasil” tem sido falado nos Estados Unidos. Em Nova Iorque, por exemplo, ela disse que já viu notícias sobre sobre isso em jornais e no próprio X, estando, inclusive, nos assuntos mais falados da rede social. 

Catarinense diz que estadunidenses estão confusos

Apesar de sentir falta dos brasileiros no X, Camila Rosa apoia que a plataforma siga as regras e leis do Brasil. Porém, ela ressalta que os estadunidenses estão confusos com a situação e, em partes, apoiam Elon Musk, dono da rede social. 

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— Existem leis e elas precisam ser respeitadas, mesmo eu sendo apaixonada pelo Twitter, mesmo sendo a minha rede social preferida. Tem um não entendimento do que acontece no Brasil. Como a decisão do STF pode proteger a democracia. Sinto que os americanos estão ‘meio perdidos’ nessa história — justifica. 

Camila conta que já usa o Threads para compartilhar conteúdos de trabalho, mas ainda não pensa em baixar redes sociais alternativas ao X, como o BlueSky, por exemplo. Ela prefere esperar o desfecho da situação em vez de preencher o “vazio” com outro site do mesmo estilo. 

— Eu usava o Twitter em uma coisa muito mais informal mesmo. Por enquanto, vou continuar no Twitter, mesmo que não tenha brasileiro. Acho que a outra rede social não vai ‘tampar esse buraco’ tão cedo — finaliza. 

X bloqueado no Brasil

Ao contrário do que acontece em todos esses países, os motivos para o bloqueio do X no Brasil não envolvem censuras diretas. De acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a plataforma não obedeceu a legislação brasileira.

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Em suma, a rede social não obedeceu o artigo 11 da lei 12.965/2014, também conhecido como Marco Civil da Internet, que diz que “qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira”.

Linha do tempo das decisões sobre o X

  • 7 de agosto: Moraes ordenou que o X bloqueasse alguns perfis da rede social no prazo de duas horas. Os perfis seriam de pessoas que estariam disseminando desinformação e promovendo ataques ao Estado Democrático de Direito. O X não cumpriu a medida, então, Moraes aplicou a multa diária de R$ 50 mil;
  • 17 de agosto: A Conta Global Government Affairs do X comunicou o encerramento das atividades da rede no Brasil. Musk foi notificado a indicar representante legal no Brasil, exigência da legislação brasileira para a operação de companhias de tecnologia no país, o que não foi cumprido;
  • 18 de agosto: Foi determinado o bloqueio de contas da holding proprietária do X no Brasil.
  • 24 de agosto: Alexandre de Moraes emitiu ordem para o bloqueio das contas da empresa Starlink, que fornece energia, também uma das propriedades de Musk. Até aquele dia, a dívida do X com a Justiça brasileira chegava a R$ 18,35 milhões;
  • 28 de agosto: O perfil do STF no X publica uma intimação em resposta à postagem do X sobre encerramento de suas atividades no Brasil. Na intimação, a rede social tinha 24 horas para nomear o representante legal. Musk respondeu à postagem com sátiras ao ministro.
  • 30 de agosto: O ministro do STF, Alexandre de Moraes, ordenou a suspensão do X no Brasil.
  • 31 de agosto: A rede social apresenta instabilidades e passar a ficar bloqueada no país;

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