Grande movimentação de pessoas na rua, filas para o transporte público e corre-corre para os mercados. Este foi o cenário de La Paz na tarde de quarta-feira (26), após tanques de guerra e militares tomarem o palácio presidencial da Bolívia em uma suspeita de tentativa de golpe de Estado. A descrição é da catarinense Manuela Corrêa Fernandes, de 30 anos, que faz “mochilão” na capital boliviana.

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Manuela, que é natural de Blumenau, diz que chegou em La Paz no último domingo (23), mas já está no país desde o dia 13 de junho. Na quarta, ela conta que saiu para turistar por locais próximos de onde está hospedada, por volta das 9h e voltou por volta das 16h. No retorno, o guia turístico informou que, quem fosse passar pela Plaza Murillo, a principal da cidade, deveria tomar cuidado, mas sem dar mais detalhes.

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— Saímos então desse ponto onde o nosso tour nos deixou e fomos em direção a estação do teleférico para retornar ao Airbnb, que fica em um bairro mais afastado. No caminho, eu e a minha amiga, que está viajando comigo, percebemos uma movimentação diferente. Tinha muito mais gente na rua do que o habitual. La Paz é uma cidade grande, sempre tem movimento, mas ontem estava diferente — relata a criadora de conteúdo digital.

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A caminho do transporte para retornar para casa, as amigas perceberam pessoas fotografando, fazendo vídeos, além de filas se formando na estação do teleférico, já que, segundo ela, o local normalmente está vazio.

Foi quando resolveu pegar o celular para ver o que poderia estar acontecendo e viu as notícias sobre a possibilidade de golpe. Além disso, familiares mandaram mensagens preocupados se Manuela poderia estar em perigo. Ainda sem entender muito bem, as duas pegaram o teleférico e seguiram até o mercado, como era o plano inicial.

Trânsito intenso e filas enormes

— Na nossa rota do centro para a hospedagem precisamos pegar duas linhas de teleféricos, com uma baldeação. Percebemos então que em todas as estações que passávamos as filas eram gigantescas. E as pessoas bem agitadas, por ser algo muito novo, ninguém saber muito o que fazer e, principalmente, o que poderia acontecer. Lá de cima [do teleférico] também percebemos como o trânsito estava bem intenso — conta.

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As jovens, então, desceram durante o trajeto e foram fazer compras. No caminho, viram “filas imensas” também em bancos e caixas eletrônicos. Além disso, elas demoraram cerca de 40 minutos para entrar e fazer comprar no mercado.

Durante a espera, percebeu que todos estavam atentos ao celular, vendo transmissões ao vivo e conversando com conhecidos. O clima de tensão tomou conta das pessoas diante da incerteza do que poderia acontecer. Ao que Manuela pôde observar na fila, os clientes compravam, principalmente, papel higiênico, ovos, carne e pão.

— O clima me lembrou um pouco quando temos sinal de enchente em Blumenau, onde não sabemos o que vem pela frente e tentamos nos preparar da melhor maneira. Levamos mais de uma hora e meia para conseguir sair do mercado devido a quantidade de pessoas. Muitas pessoas desistiram no meio do caminho por conta da quantidade de gente, outras foram saindo após o anúncio que as tropas tinham se retirado da frente do palácio do governo — cita.

Em meio a este cenário, a catarinense disse não ter ficado com medo, mas preocupada. Na situação, relata que tentou ser prática, comprando itens básicos no mercado e preparada caso precisasse mudar de rota, além de acompanhar os noticiários.

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— É algo muito novo para mim, nunca tinha presenciado. É o incerto em ação, é não saber o que vem pela frente. Ao observar a movimentação da população, me questionei se teria que mudar a minha rota, se iria faltar alimento, se o dinheiro nos bancos iria acabar. Mas o clima hoje passa pela normalidade, os locais estão abertos e os transportes funcionando, como todos os dias. Mas fica sempre aquele clima no ar. Sempre quando se vivencia algo assim, os dias seguintes são de atenção — destaca.

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