O surfista Jean da Silva, 25 anos, fez história no surfe brasileiro nas ondas da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O surfista natural de Joinville é o primeiro catarinense campeão nacional em 23 anos de história do circuito brasileiro profissional de surfe dirigido pela Abrasp.
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O mar amanheceu com ondas de um metro nas séries, com boa formação favorecidas pelo vento fraco, e logo na segunda bateria do dia, o catarinense Tomas Hermes ajudou Jean da Silva ao eliminar o potiguar Alan Jhones, vice-líder do ranking. Com manobras arrojadas como um aéreo 360, o surfista de Barra Velha não deu chances para o potiguar que ficou em combinação (precisando de duas ondas) a maior parte da bateria.
Na terceira bateria, o paulista Heitor Pereira, quarto colocado do ranking, superou o paraibano Ulisses Meira e continuou na briga pelo título, pressionando Jean da Silva, que enfrentaria o cearense Michel Roque no duelo seguinte. Mas a situação ainda era favorável ao catarinense: em caso de vitória, ficaria com o título. Se perdesse, ainda teria chance de ser campeão desde que Pereira não vencesse a etapa.
Mas Jean conseguiu evitar essa segunda possibilidade. Michel Roque começou melhor a bateria com duas batidas fortes na primeira onda e levou um 6,67. Jean respondeu em seguida, mas sem a mesma força. As séries não paravam de aparecer e o catarinense teve calma para construir o placar com outras duas ondas: 5,27 e 4,83.
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Roque ainda conseguiu virar com uma nota 3,43, mas,a 12 minutos do término da bateria, Jean manobrou até o inside para fazer 5,5 e voltar à liderança. O adversário tentou uma última investida no minuto final, mas a onda encheu e não ofereceu mais chances de manobra para alívio de Jean, que festejou o título, sozinho, ainda dentro da água, sob aplausos do público e atletas presentes na praia.
– Estou muito contente por ser o primeiro catarinense campeão brasileiro. Está tudo dando certo. Dedico esse título a minha família, ao meu pai (Sidnei), a pessoa mais importante da minha vida – declarou o novo campeão, que ainda vai brigar amanhã e domingo pelo título da etapa.
A campanha
O catarinense arrancou para o título a partir da segunda metade do ano, quando disputou a terceira etapa realizada na Praia de Geribá, em Búzios, litoral fluminense, onde foi o campeão. Na primeira etapa, em Ubatuba, o surfista foi barrado na terceira fase por uma dobradinha carioca formada por Pedro Henrique e Victor Ribas. Na segunda, na Praia do Cupe, em Pernambuco, Jean foi um pouco melhor. Estreou com vitória ao lado do baiano Bruno Galini na bateria da segunda fase. Em seguida, bateu o cearense André Silva, e nas oitavas de final, o paulista Ricardo Ferreira. A campanha terminou nas quartas de final, quando foi eliminado pelo alagoano radicado em Florianópolis, Tânio Barreto.
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Nos 23 anos de história do circuito brasileiro, Santa Catarina não teve campeões anteriormente por diversos fatores como a competitividade do circuito e a participação simultânea no WQS, a divisão de acesso ao surfe mundial. Willian Cardoso, no Supersurf de 2008, foi o surfista que até então tinha chegado mais perto do título, com o vice-campeonato, embora Marco Polo tenha disputado o título até a última etapa em 2007, mas terminou em terceiro no ranking. Antes deles, David Husadel colecionou dois terceiros lugares em 1990 e 1989, quando o circuito ainda se chamava Abrasp. Por outro lado, surfistas radicados em Florianópolis já levantaram o caneco seis vezes. Peterson Rosa ganhou em três oportunidades (1994, 1999 e 2000), Fábio Gouveis, duas vezes (1998 e 2005); e Tânio Barreto, uma (2001).