A atleta Geovana Meyer, de 22 anos, conquistou uma vaga histórica para o Brasil no tiro esportivo ao se classificar para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Natural de Joinville, a jovem é a primeira mulher brasileira da história a garantir uma classificação Olímpica em qualquer prova de carabina.

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A vaga aconteceu após a atleta ficar na segunda colocação na prova de carabina três posições durante o Pré-Olímpico Continental de Tiro Esportivo 2024, sediado em Buenos Aires, na Argentina, na última semana. Como a norte-americana Sagen Maddalena, campeã da competição, já tinha obtido uma vaga através do Mundial de 2022, a cota no evento foi realocada para a catarinense, a segunda melhor colocada.

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O processo para chegar às Olimpíadas, porém, não foi fácil. De acordo com Geovana, o sonho estava sendo moldado para só daqui a quatro anos, e acabou sendo uma grata surpresa.

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— Estou muito feliz e contente. Foi um processo que a gente teve que se dedicar muito e abdicar de muita coisa também. Ver que esse degrau foi conquistado me deixa ainda mais motivada. A minha meta há uns dois anos era ir às Olimpíadas de 2028 e me preparar para ela. A oportunidade veio agora e eu aproveitei — afirma a jovem atleta.

Veja fotos de Geovana Meyer, joinvilense nas Olimpíadas 2024

Paixão de família que virou sonho olímpico

Atleta há mais de oito anos, Geovana Meyer teve influência dos pais, ainda na infância, para iniciar a carreira. Mas para se tornar mais do que apenas uma atiradora da família, ela precisou se munir de uma equipe com psicóloga, fisioterapeuta e nutricionista.

— Comecei com nove anos no tradicional tiro seta, em Pirabeiraba, porque meus pais já atiravam lá. Sempre foi algo que eu amava e com o tempo, só fui evoluindo. Aos 14 anos, comecei na modalidade olímpica e as coisas foram acontecendo de uma forma natural. Quando eu vi, já tinha uma equipe completa — explica.

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Em 2016, surgiu a oportunidade para Meyer atirar na modalidade olímpica de carabina de Ar. Quatro anos depois, entrou para o exército para participar do programa de atletas de alto rendimento, para atuar na modalidade carabina três posições. Esta iniciativa a proporciona, até hoje, salário, treino, suporte físico e mental.

Conquistando cada vez mais medalhas e enchendo a prateleira, a atleta viajou o mundo através das competições. Mas a vontade de ir para as Olimpíadas surgiu recentemente, através dos Jogos Sul-Americanos de 2022, disputado em Assunção, no Paraguai. Durante a competição, Geovana ganhou a medalha de ouro no Tiro Carabina três posições, e duas medalhas de bronze nas provas de carabina de ar e carabina de ar mista. Foi ali que a atleta sentiu quem estava se tornando e projetou maiores conquistas.

— Participar de um campeonato que cheguei longe e ver que tinha essa chance, me fez querer mais. Conversei com meus pais, com a equipe e falei:  “Vamos para as Olimpíadas”. Eu tinha em mente que era um processo, mas fui focada. Sou grata a eles por abraçarem esse objetivo e me apoiarem muito. Meu sonho virou o sonho deles — afirma.

Há poucos meses de fazer as malas e conhecer a capital francesa, a ansiedade e a vontade de competir já tomam conta da atleta.

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— Estou ansiosa, acho que vai ser um momento muito incrível, ainda mais por ser a minha primeira Olimpíada. Tenho coisas para aprender e ver de diferente. Ansiosa para ver esses grandes ídolos que a gente tem — disse.

Atiradora esportiva por profissão e amor

Mesmo fora das competições, Geovana ainda se mantém ligada ao esporte. Afinal, o tiro esportivo acabou moldando a vida da atleta. São viagens internacionais, títulos conquistados, lugares conhecidos, uma profissão para chamar de sua e até sorte no amor. Foi em 2020, durante a primeira disputa internacional que conheceu o namorado, Dimas Ferreira Júnior, também atleta de tiro esportivo.

Mas tudo tem seu preço. Se perto da família, em Joinville, Geovana precisa ficar separada do namorado piauiense por mais de três mil quilômetros, nas competições internacionais ela acaba ficando longe dos pais. Fatores esses que a aproximam mais do esporte. Se no pouco tempo livre que resta entre jogos e treinos a joinvilense gosta de praticar a leitura, quando está em Joinville ela ainda prefere participar de pequenas competições de tiro seta, na Sociedade do Rio da Prata.

— Ser atleta é uma escolha. Essas viagens e ficar longe da família é parte disso. É difícil por questão de proximidade, mas sempre me sinto muito bem. Estou fazendo o que gosto — revela.

Inspiração para quem precisa

Mais do que a vaga em Paris 2024, a cota Olímpica que Geovana Meyer assegurou quebra um tabu histórico para o esporte no país. É a primeira vez que uma mulher brasileira assegura uma classificação Olímpica em qualquer prova de carabina.

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Inspiração para outras meninas do esporte, a atleta se vê grata pela conquista e espera contribuir mais com a modalidade.

— Estou aqui representando todas as outras que passaram antes de mim. Elas tiveram que enfrentar muito mais para que hoje fosse mais fácil chegar até aqui. Tenho que agradecer muito a elas por isso. Indo lá já é uma inspiração. Poder falar do meu esporte e mostrar para outras meninas, que dá para chegar lá, já vale — disse.

Essa é a terceira vaga do país no tiro esportivo em Paris 2024. Phelipe Chateaubrian garantiu o primeiro passaporte na pistola de ar 10m, ao vencer o Campeonato das Américas de Tiro Esportivo em 2022, enquanto Georgia Furquim levou a segunda vaga para o país no Campeonato das Américas, pelo skeet feminino, na República Dominicana, em março.

*Sob supervisão de Leandro Ferreira

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