Estabilidade, definitivamente, não é um dos benefícios oferecidos pelos clubes catarinenses aos treinadores de futebol. Antes de encerrar o primeiro trimestre de 2018, Santa Catarina lidera o índice de troca de técnicos durante a disputa do Campeonato Estadual, considerando as principais federações do País. Até agora, seis dos 10 times locais da elite (60%) optaram pela mudança no comando antes mesmo do fim da primeira fase.

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Atrás de Santa Catarina estão Minas Gerais, Bahia e Ceará, em que 50% dos clubes promoveram trocas durante a competição que abre o ano. Os números catarinenses foram incrementados após a noite de segunda-feira, quando o Concórdia anunciou o desligamento de Mauro Ovelha, e o Joinville confirmou a saída de Rogério Zimmermann.

Se por um lado as estatísticas mostram a incapacidade dos profissionais para fazer as equipes reagirem em momentos de pressão e subirem na tabela de classificação, por outro a atitude revela a falta de convicção das diretorias no planejamento traçado antes mesmo do início da temporada. E isso já liga o alerta da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, que critica a atitude dos cartolas em SC.

– O problema maior é que não se está mais observando o futebol pelo espetáculo, e só pelo resultado. Ninguém está preocupado em jogar futebol, só em ganhar. Mudar de técnico, mudar de elenco a cada três meses, não é a solução. Fica muito difícil enquanto os clubes não entenderem que é preciso de tempo para trabalhar. Se não tiver uma posição drástica da CBF, vai ser muito difícil recuperar o 7 a 1 – aponta Zé Mario, presidente da entidade criada para defender os interesses da categoria.

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Na visão do ex-treinador, além de ser prejudicial aos técnicos, a troca constante no comando das equipes também é ruim para os clubes. Por isso, a entidade luta para a aprovação de um Projeto de Lei que limite a dança das cadeiras no futebol brasileiro.

– Futebol não é um esporte individual, em que uma pessoa só faz o resultado. O treinador no Brasil está com uma mala nas costas. Quando ele sai, a mala fica no clube. O técnico vai para outra equipe, começa um trabalho novo. Mas essa mala fica e quem é prejudicado é o clube – frisa.

Federação pede regras para trocas

Uma das proposta da federação a fim de regulamentar a situação é que uma equipe só possa contratar um novo treinador depois de comprovar a quitação dos débitos com o profissional que ocupou a cadeira anteriormente. A cobrança se dá porque, em muitos casos, de acordo com Zé Mario, os contratos são rescindidos, mas as multas não são pagas aos profissionais que estão de saída.

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– O Brasil é o único lugar do mundo onde, antes de começar o grande campeonato, que é o Brasileirão, os treinadores já saíram, já mudaram. O contrato é feito e rescindem a hora que quiser. Além disso, muitos dispensam e não pagam. O técnico precisa ir à justiça e leva cinco, seis anos para receber o que é de direito – lamenta.

Em Santa Catarina, apenas Chapecoense, Figueirense, Avaí e Tubarão não mudaram os treinadores. Os três grandes ocupam as primeiras colocações no campeonato e ainda lutam por um lugar na decisão. O Peixe, apesar de acumular resultados negativos no começo do Catarinense e de ficar na zona de rebaixamento nas sete primeiras rodadas, apostou na manutenção de Waguinho Dias e hoje o time está em quinto lugar, cinco pontos à frente do primeiro na zona da degola.

Quem mudou em SC

Brusque: Saiu Picoli e entrou Pingo.

Criciúma: Saiu Lisca e entrou Argel Fucks.

Inter de Lages: Saiu Leandro Niehues e entrou e Rodrigo Fonseca.

Hercílio Luz: Saiu Luiz Carlos Cruz e Nasareno Silva é interino.

Concórdia: Saiu Mauro Ovelha e Emerson Cris negocia.

Joinville: Saiu Rogério Zimmermann e entrou Matheus Costa.

Quantos clubes já mudaram de técnicos durante os estaduais

Santa Catarina – 60% (6 de 10)

Minas Gerais – 50% (6 de 12)

Bahia – 50% (5 de 10)

Ceará – 50% (5 de 10)

Goiás – 40% (4 de 10)

Pernambuco – 36% (4 de 11)

Paraná – 33% (4 de 12)

Rio de Janeiro – 25% (3 de 12)

Rio Grande do Sul – 25% (3 de 12)

São Paulo – 20% (4 de 20)

Confira a tabela do Catarinense 2018

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