Uma pequena empresa catarinense desbancou outras companhias e até as de médio porte na corrida para ver quem cresceu mais no país nos últimos três anos. Esse ranking é elaborado pela consultoria Deloitte, em parceria com a revista Exame, e destacou as 250 empresas que mais aumentaram seu faturamento entre 2011 e 2013.
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No primeiro lugar ficou a Welle, que fabrica máquinas que utilizam a tecnologia laser para gravar superfícies. Uma indústria, o que foge ao perfil econômico do município, incrustrada no meio da Ilha em Florianópolis.
A empresa é a única catarinense na lista das 10 que mais cresceram na região Sul, que oito paranaenses e uma companhia gaúcha. Mas entre as 250 do país, há 19 catarinenses. Repetindo a concentração econômica do perfil do Brasil, 58% das empresas da lista são dos Estados do Sudeste.
A fábrica da Welle tem capacidade para produzir, ao mesmo tempo, vinte máquinas de gravação a laser. Trabalha com uma estrutura pequena, na incubadora do Parqtec Alfa. A construção das máquinas e a pesquisa é feita em salas no primeiro andar. A parte administrativa e de vendas fica no quarto andar.
O crescimento nos três últimos anos foi de 1.525%. O faturamento saltou de R$ 423 mil para R$ 6,8 milhões. Entre os clientes, as multinacionais Docol, WEG e Whirlpool.
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– Para este ano é R$ 17 milhões. Trabalhamos com metas de crescimento acima de 100% – disse o presidente e fundador da empresa, Rafael Bottós, ao lado do irmão gêmeo, o vice-presidente Gabriel Bottós.
Criada em 2008, mas operando no mercado desde 2011, a empresa obteve a marca de ter crescido uma média de 303% ao ano. Em segundo lugar, a goiana Bank Log, do setor de transportes, cresceu 250% anuais, na comparação para o mesmo período. A terceira, a paulista VTEX, do setor de informática, TI e internet, chegou a 194%.
– Quando a gente fala que o cenário está difícil, não significa que não há oportunidades. Em produtos ou em diferenciação. O estudo mostrou que essas pequenas e médias estão buscando benefícios aos funcionários como as grandes, o case do Google, exemplo – explica Giovanni Cordeiro, gerente de research da consultoria Deloitte.
::: Entrevista
Os irmãos Rafael e Gabriel Bottós, gêmeos, presidente e vice-presidente da Welle Laser, começaram a ideia da empresa em um estande na feira Interplast, em Joinville, conseguido de graça por meio da insistência. Buscaram parceiros de referência, como o instituto alemão Fraunhofer, especializado em tecnologias com laser, a UFSC e o BNDES.
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Em seis anos, foram aceitos em um grupo mundial exclusivo de empresas, o Endeavor, com a maior nota da história dos processos de seleção (9,7). Agora são reconhecidos como a empresa que mais cresceu no Brasil.
DC – Como se manter no topo da lista de crescimento?
Rafael Bottós – A gente acredita que a empresa, para isso, precisa seguir alguns pontos. Um dos principais é um planejamento estratégico muito bem feito.
Gabriel Bottós – Saber onde quer chegar.
Rafael – Esse alvo que você tem que pintar, tem que estar bem definido. Nesse planejamento, tem que estipular metas, responsabilidades, o que cada pessoa tem que fazer na empresa. Isso é o primordial. E, por mais simples que isso pareça, poucas empresas têm um negócio desse bem feito. Falam que têm. Mas não têm. Outro ponto fundamental é construir uma equipe positiva.
Gabriel – E melhor que você.
DC – Como é ser uma indústria em Florianópolis?
Gabriel – É um grande desafio. Na Ilha, terreno é muito caro. Temos um desafio gigantesco por causa de espaço e foi uma coisa que a incubadora nos ajudou bastante. Em curto-médio prazo a gente vai ter que sair de todo jeito. Mas até então foi muito gratificante. A gente é uma empresa que desenvolve equipamentos, mas tem vista para o mar. Foi muito importante até para atrair talentos. Falar que está em Florianópolis é um ponto a mais na hora da contratação.
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Rafael – A ideia é ficar na Grande Florianópolis nos próximos anos, mas talvez não na Ilha. Isso nos ajudou a aliar trabalho com qualidade de vida. E isso a gente quer manter para sempre.
Gabriel – Esse mix faz bantante diferença.
Rafael _ A primeira coisa do dia a dia é o ambiente de trabalho. Não adiantam programas se o relacionamento interno não for saudável.