Catarinense derrota o número 1 do mundo na Joaquina

Depois de três adiamentos consecutivos, a 10ª etapa do World Championship Tour (WCT) 2004, a divisão de elite do circuito mundial, começou nesta quinta, dia 4, com ondas de 1m de altura na Praia da Joaquina, em Florianópolis. O grande destaque da primeira rodada foi o campeão catarinense Raphael Becker, de 25 anos, que mandou o havaiano Andy Irons, atual número 1 do mundo e bicampeão do WCT, para a repescagem.

O vice-líder do WCT 2004 Joel Parkinson (AUS), único que ainda pode impedir que Andy Irons conquiste um tricampeonato mundial consecutivo, também vai ter que disputar a repescagem, uma vez que acabou superado pelo norte-americano Tim Curran.

Defensor do título do Nova Schin Festival WCT Brasil, o norte-americano Kelly Slater estreou com vitória e seguiu direto para a terceira rodada da competição.

– Olhando aqui de fora não parece, mas até que tem boas ondas lá dentro – disse Kelly Slater. – Foi bom porque agora vou ter mais um dia de folga antes da terceira fase. Vou só ver a bateria do Taylor Knox e depois vamos pegar onda em outra praia para treinar.

Kelly Slater superou o catarinense Ricardo Ortiz e o havaiano Kalani Robb, totalizando 16,33 pontos, um centésimo a menos do que o campeão catarinense Raphael Becker, que conquistou uma vitória inesquecível na bateria anterior, deixando seus adversários precisando de mais de 10 pontos, o que no surfe é como vencer de goleada.

– Quê isso cara, ganhei de combination dos caras, não dá nem para acreditar, é muita alegria. O Odirlei (Coutinho) tinha me dado um toque para esperar a melhor onda da série, fiquei calmo e consegui pegar as melhores ondas, pois surfo aqui todo dia e acho que acabei levando vantagem por conhecer melhor a vala aqui da Joaca. A vibração da raça também ajudou bastante e deu tudo certo, eu ganhei do número 1 do mundo! – vibrou Becker.

O catarinense pode voltar a enfrentar Andy Irons na terceira fase, caso o havaiano derrote seu adversário na repescagem. Raphael Becker foi o terceiro brasileiro a vencer na primeira fase classificatória.

Já o também brasileiro Guilherme Herdy (RJ) que perdeu por décimos de diferença para o australiano Taj Burrow. Herdy tirou a maior nota do dia (9,57) e ficou precisando de 7,40 pontos para vencer a disputa. Nos minutos finais, ele conseguiu pegar uma boa onda e aplicou várias manobras. No entanto, os juizes acabaram lhe dando nota 7,33, e o placar acabou encerrado em 16,97 x 16,90 pontos. O niteroiense não se conformou com o resultado, considerando-o injusto.

– É difícil. Há 12 anos que eu corro o WCT e é sempre a mesma história. Quando a gente cai com surfistas mais famosos, eles sempre acabam ganhando por décimos e nós nunca conseguimos virar o resultado nos momentos decisivos das baterias – disse Herdy. – Isso já está engasgado na minha garganta. A gente sofre isso no mundo inteiro e foi bom acontecer aqui para que todos vejam essas injustiças contra os surfistas brasileiros.

O alagoano Tânio Barreto, por sua vez, mandou para a repescagem os australianos Nathan Hedge e Tom Whitaker. Dessa vez os décimos de diferença foram a favor de um brasileiro, com Tânio totalizando 12,93 pontos, contra 12,47 de Whitaker e 11,06 de Hedge.

– Foi legal. É sempre bom começar com vitória. Estou em casa, bem à vontade, surfo aqui na Joaquina quase todo dia e sabia que o que estava valendo era onda boa. Fiquei no começo uns sete minutos esperando a onda boa e quando ela veio consegui fazer meu trabalho, tirei um 7,00 e depois um 5,93 e consegui a classificação – contou Tânio.

No confronto seguinte, o sexto do dia, a expectativa da torcida era grande, pois as duas maiores revelações do surfe brasileiro nos últimos anos, Raoni Monteiro (RJ) e Adriano de Souza (SP), estreariam juntos contra o australiano Luke Egan.

Mas, o veterano surfista de 34 anos de idade fez valer a experiência e derrotou os garotos marcando 12,40 pontos, contra 9,74 do Adriano “Mineirinho” e 9,70 do Raoni, com os dois caindo para a repescagem.