Aos 95 anos, José Xavier de Brito ainda lembra com clareza do dia 2 de junho de 1953, quando acompanhou na Inglaterra a coroação da Rainha Elizabeth II. A monarca nasceu no mesmo ano que o catarinense e morreu no último dia 8, após 70 anos de reinado.

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Natural de Florianópolis, de uma família de pescadores de Canasvieiras, o “Seu Zé”, como é apelidado carinhosamente pelos familiares, cruzou oceanos e passou por vários países como integrante da Marinha do Brasil, em uma época em que viajar era muito mais difícil do que hoje. 

— Todos os tripulantes estavam com roupas especiais, blusa escura e calça branca, no caso do Brasil. A gente ficou em cima do convés do navio, saudando a rainha — detalha José Xavier, relembrando o momento marcante que presenciou. 

Seu Zé estava a bordo do Cruzador Barroso, antigo USS Philadelphia. Ele lembra que o navio havia sido usado pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, mas foi cedido ao Brasil alguns anos depois, pois estava parado e causando prejuízo. Boatos de que o navio foi trocado por café circulavam na época, mas José destaca: “Eram boatos, não sei se é verdade”.

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— Como a Inglaterra é uma referência de marinha no mundo, os países mandaram um navio para representar na coroação. Eu me lembro naquele tempo, até a Rússia, que não era amiga da Inglaterra, mandou um navio […] Depois que a rainha foi coroada, ela passou num iate por todos os navios que estavam representando as suas marinhas — conta.

Em busca de uma vida melhor

Segundo filho de oito irmãos — todos vivos até hoje — José Xavier saiu de Canasvieiras em busca de uma vida melhor e foi estudar em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, para se tornar integrante da Marinha do Brasil, se alistando em 1944. 

O catarinense teve a oportunidade de visitar vários países. Além da Inglaterra, também foi para lugares como Itália, França, Portugal e Estados Unidos.

— Eu era moço. Como a gente vivia da pesca em Canasvieiras, eu achei que indo para a Marinha seria melhor, pra sair daquela vida. Eu não tive medo. Embora naquela época tudo era meio escuro, não se sabia muito bem […] Só eu de Canasvieiras que tive coragem de ir — relata José Xavier.

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Aos 95 anos, a luta contra a Covid

Seu José tem muitas histórias para contar, mas hoje tem dificuldades para falar e escutar. Segundo a filha Any de Brito Medeiros e o genro Jânio Baracuhy, após a Covid-19, a saúde do homem ficou mais debilitada. Ele contraiu a doença em abril deste ano e passou oito dias internado, mas felizmente venceu a luta. 

Não pôde, no entanto, se despedir da esposa que faleceu durante o período em que ele estava no hospital.  

Sentado na sala do seu apartamento, no centro de Florianópolis, José se concentra para posar para as fotos desta reportagem, segurando dois retratos seus do tempo da Marinha. Ele então vira e encara uma das fotografias: “Fazem muitos anos, muitos anos”.  

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