Santa Catarina vive um momento complicado da pandemia de Covid-19, e recentemente registrou recordes de mortes, lotação de UTIs e divergências sobre restrições ou um possível lockdown com fechamento total das atividades. A situação, que também é complicada no Brasil, contrasta com a vivida em outro país que um casal de catarinenses escolheu para morar há cinco anos: a Nova Zelândia.

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O programador Cauê Nüssner Cidade, 31 anos, e a companheira moravam em Jaraguá do Sul, no Norte de SC. Decidiram viajar por um mês para a Nova Zelândia, mas as belezas naturais e uma oportunidade de trabalho fizeram o casal escolher o país para morar. Há um ano, passaram a enfrentar por lá um sentimento comum em todo o mundo desde a chegada do vírus. Ao longo da pandemia, no entanto, o território tem praticamente escapado do coronavírus.

O país em que os catarinenses moram é frequentemente apontado como referência no combate à Covid-19. Um ano após a declaração de pandemia, tem apenas 26 mortes causadas pela doença e 2,4 mil casos confirmados até 31 de março.

A Nova Zelândia se fechou em um lockdown rigoroso nos primeiros meses da pandemia, entre março e abril de 2020. Após viver o pico de casos em abril, passou a retirar aos poucos as restrições, à medida em parecia conseguir bloquear a entrada do vírus.

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– O lockdown foi geral, em todo o país. Podíamos sair de casa apenas para o essencial, como ir ao mercado, farmácia, ou para caminhar, mas mesmo assim tinha que ser em uma área próxima a que você vive – conta Cauê.

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A experiência foi especialmente difícil para o casal de SC porque justamente em março nasceu a primeira filha do casal.

– Foi difícil porque estávamos lidando com o aprendizado da parentalidade e com esse isolamento forçado. No entanto, havia uma compreensão por parte de todos (ou quase todos) de que essa era a medida necessária para se salvar vidas, não apenas a própria, mas a dos outros – conta.

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País voltou a adotar restrições no fim de fevereiro

Quando apenas um novo caso de transmissão de coronavírus foi confirmado no fim de fevereiro em Auckland, principal centro econômico da Nova Zelândia, o país não hesitou em elevar o nível de alerta em todo o território.

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A região de Auckland passou para o nível 3, que mantém apenas as atividades essenciais em funcionamento, restringe viagens e proíbe eventos com mais de 10 pessoas, durante sete dias. O lockdown pontual e por alguns dias também já havia sido adotado após outras contaminações registradas na região, em agosto de 2020 e no início de fevereiro.

O restante do país passou para o nível 2 de alerta, que proíbe eventos com mais de 100 pessoas e altera dinâmicas para o funcionamento do comércio, como entradas e saídas de público.

– Morando em Christchurch, na Ilha Sul, confesso que a vida está praticamente normal desde o primeiro lockdown. Aqui foi a região em que houve mais mortes, principalmente por causa de surtos em asilos, já que a população da região é mais velha, mas desde abril de 2020 a vida segue praticamente normal – conta.

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Quando Cauê fala em vida normal, refere-se a passeios no parque, em exposições e eventos quando a região não restrições, idas a bares e pubs, e outras atividades que no momento atual do Brasil representam alto risco de transmissão do coronavírus. Como não há transmissão local, o uso de máscaras é menos frequente e só é exigido no transporte público, embora o governo recomende o uso também em outros espaços quando há elevação no nível de alerta.

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Para quem se anima as aberturas que a Nova Zelândia já fez, Cauê faz questão de distinguir a situação de lá da atual do Brasil. Ele pondera que as atividades só seguem esse clima de normalidade desde abril de 2020 porque o país não tem a presença do vírus, salvo em caso de entradas por viajantes, que são rapidamente rastreadas pelo governo.

– A gente erradicou o vírus aqui, é por isso que a gente está seguindo a vida normal. O que é uma situação bem diferente da que está o Brasil agora. A gente fez o lockdown ano passado para erradicar o vírus, para controlar a entrada dele porque a Nova Zelândia é uma ilha, e todo mundo que chega aqui, chega de avião, então a gente consegue controlar a fronteira. O que é uma situação bem diferente do caso do Brasil – compara.

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Medidas que fizeram o país ter sucesso na luta contra o vírus

Qual o segredo para um país conseguir manter sob controle uma doença que se espalhou sem limites pelo mundo? Cauê admite que, na avaliação dele, o fato de ser um país pequeno, isolado e com pouca desigualdade contribuiu para facilitar o controle, além do fato de o governo ter sido extremamente pró-ativo ao lidar com a situação.

Mas há outras medidas tomadas na Nova Zelândia que também ajudam a explicar a eficiência da estratégia do país no controle da Covid-19.

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Teste e quarentena na chegada

Uma das medidas que se destacam no país é o rastreamento de pessoas que possam ser contatos de outras pessoas que contraem a doença. Cauê explica que quem entra no país precisa fazer o teste de Covid-19 e entrar em uma quarentena por 14 dias.

Rastreamento

Além disso, a maioria dos estabelecimentos de comércio possuem um QR Code por meio do qual os moradores registram a presença no local em um aplicativo do governo. Isso facilita a identificação de pessoas que estiveram no estabelecimento caso haja algum caso da doença entre os frequentadores.

– Isso com certeza facilita o rastreamento de contatos e, portanto, a contenção caso haja algum novo caso de transmissão na comunidade – conta Cauê.

QR Code está presente em tótens na maioria dos estabelecimentos e ajuda a rastrear contatos em possível caso de contaminação local
QR Code está presente em tótens na maioria dos estabelecimentos e ajuda a rastrear contatos em possível caso de contaminação local (Foto: Arquivo pessoal)

SMS e casos próximos

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Quando as regiões mudam de nível de alerta, os moradores recebem um SMS informando a alteração e pedindo que o morador atenda às novas regras.

Outro aplicativo também utiliza o bluetooth para interagir com outros telefones celulares e avisar o proprietário caso ele tenha estado muito próximo de alguém que testou positivo para a Covid-19.

Auxílio do governo

Como em outras partes do mundo, as atividades que poderiam ser feitas de casa mudaram para o home office durante a pandemia. Quem não pôde trabalhar desta maneira ou precisou se isolar por conta da Covid-19 pôde receber, por intermédio das empresas, um auxílio do governo no período de fechamento que chegava a até R$ 535,80 dólares. Empresas que sofreram queda nas receitas após a mudança de um nível de emergência, por exemplo, também puderam acessar benefícios.

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