Apesar do registro de cinco mortes por meningite bacteriana em Santa Catarina, incluindo de uma menina de 11 anos, o número de casos e óbitos no começo de ano caiu em relação ao mesmo período de 2022. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), não há casos de transmissão comunitária e o cenário é considerado dentro do esperado para esta época do ano.
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A meningite é uma inflação nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por infecção. Os tipos principais são a meningite viral (a mais comum) e a meningite bacteriana (menos comum e mais grave). Conforme o infectologista Fábio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde de SC, a doença pode surgir a partir de diversos agentes causais e, por isso, pode ter diferentes origens.
Entre janeiro e fevereiro de 2023, foram notificados 19 casos de meningite bacteriana, com cinco óbitos. Já no mesmo período do ano anterior, a Dive registrou 29 casos de meningite bacteriana, sendo que sete pessoas foram a óbito. Para Gaudenzi, o cenário é avaliado como dentro do esperado pelas autoridades de saúde, já que os pacientes são de cidades diferentes e não tem relação entre si.
Mitos e verdades sobre a meningite
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— Não estamos diante de um surto, mas infelizmente do comportamento da doença. Se a gente tivesse pelo menos três casos vinculados entre si, no mesmo local, com o mesmo agente aí poderia ser considerado surto — explica o superintendente.
Entre as pessoas que foram a óbito por conta da doença, neste ano, está um paciente de 57 anos residente de Dona Emma, um bebê de seis meses natural de Xanxerê, uma pessoa de 24 anos de Ilhota e outra de 55 anos de Itajaí, além da menina de 11 anos também de Itajaí. Nenhuma das pessoas foi alvo de transmissão da doença, e todas devem ter desenvolvido uma infecção a partir de bactérias que já habitavam alguma parte do corpo.
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Ainda segundo o especialista, o cenário poderia ser pior, visto que Santa Catarina não teve óbito especificamente por meningite bacteriana meningocócica, apesar de ter registrado três casos. Além de ser uma das formas mais graves da doença, ela é de grande preocupação para as autoridades de saúde pois pode causar transmissão entre as pessoas e levar ao surgimento de um surto. As mortes registradas no Estado neste ano foram por meningite não especificada, tuberculosa e pneumococo.
Por conta desses fatores, superintendente alega que não há previsão de ações de combate à doença por conta das mortes ocorridas. Porém, o monitoramento de cenário continua, já que todos os casos de meningite são de notificação compulsória e acompanhados de perto pelo Estado.
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— A gente sempre se preocupa com a meningite, a gente sempre tá em alerta. Até esse momento, não tem nada que fuja do nosso padrão epidemiológico, por isso a gente não planeja nenhuma ação que não seja de rotina — afirma.
Surgimento e prevenção da meningite bacteriana
O médico alerta que a meningite bacteriana é uma doença grave, com alto potencial de agravamento e que pode levar à morte. Ele ainda afirma que um diagnóstico ágil e tratamento rápido impactam diretamente a chance de sobrevida do paciente.
Gaudenzi explica que a meningite pode ser contraída a partir da transmissão de vírus ou bactéria, ou a inflamação é desenvolvida a partir de microrganismos que já estão presentes no corpo humano. Foi o segundo caso que levou os cinco pacientes de Santa Catarina a óbito neste ano.
— As bactérias estão em qualquer local que não é estéril, como nariz, orelha, garganta e pele. Você pode ter alguma doença bacteriana prévia, a bactéria não está no sistema nervoso central, mas existe a migração desse microrganismo. Se a pessoa sofreu um trauma que perfura a pele, teve uma inflação como otite e sinusite, pode vir a levar a outra inflamação — explica.
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Apesar da possibilidade, o superintendente afirma que desenvolver a meningite é bastante raro porque necessita de uma combinação de fatores. Além da presença do agente patogénico, ele precisa entrar no sistema nervoso central e o sistema imune do paciente precisa ter dificuldade de se defender contra ele.
A prevenção acontece por uma camada de ações, segundo o especialista. O primeiro são as vacinas, que protegem contra as formas mais graves da doença, mas infelizmente não todos. No mais, é preciso manter cuidados gerais comuns para evitar a transmissão, também comuns às síndromes respiratórias. A etiqueta da tosse, higiene das mãos e evitar compartilhar utensílios (copos, talheres) estão entre os protocolos a serem adotados.
Ao sentir os primeiros sintomas, o superintendente orienta a população a buscar o sistema de saúde. Caso o paciente sinta apenas febre e dor de cabeça, é importante acompanhar a evolução do quadro e buscar atendimento médico se o quadro apresentar piora ou não melhorar.
Veja os sintomas da meningite:
- Febre
- Dor de cabeça
- Rigidez ou dor no pescoço
- Náuseas e vômitos
- Manchas vermelhas ou roxas na pele (podem indicar doença mais grave)
- Mudanças de comportamento como confusão, sonolência e dificuldade para acordar
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Em recém-nascidos e lactentes, os únicos sinais e sintomas de meningite podem ser febre, irritação, cansaço e falta de apetite, de acordo com a Dive.