O caso de um treinador de jiu-jitsu preso em Balneário Camboriú por pedofilia e exploração sexual trouxe um alerta aos pais. Afinal, é possível proteger as crianças de predadores sexuais? Uma escola de artes marciais de Blumenau se preocupou com a questão e decidiu convidar quem entende do assunto para conversar com famílias e alunos e apontar o que é preciso ficar atento.
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O encontro com o delegado Antonio Godoi ocorreu nesta semana, justamente quando foram sancionadas duas leis para criação do cadastro público com os nomes de pessoas condenadas por crimes como estupro, estupro de vulnerável e registro não autorizado de relação sexual. O sistema será desenvolvido com dados do Cadastro Nacional de Pessoas Condenadas por Crime de Estupro.
Godoi é a favor dessa nova ferramenta e também defende a chamada investigação social de pessoas contratadas para serviços de saúde e educação, para dar mais proteção à comunidade. A presença de um predador sexual condenado no jiu-jitsu, por exemplo, deixa uma mancha no esporte. Mas enquanto as legislações aprovadas ainda aguardam implementação, o que pais e filhos podem observar?
O delegado diz que o primeiro ponto a ser reforçado é a relação de confiança das crianças e dos genitores, para que se sintam seguras em contar qualquer situação. Depois, quando se olha para os pequenos, é preciso orientá-los sobre contato físico inadequado e que geralmente vem acompanhado da oferta de “recompensas”, como doces, presentes, carona e até dinheiro.
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A abordagem virtual pode esconder armadilhas também de criminosos sexuais e exige atenção redobrada. A primeira regra é não aceitar convites de estranhos nas redes sociais, onde se costuma compartilhar detalhes da vida pessoal. Nos aplicativos de jogos, o alerta está em pessoas que começam um amizade se passando por criança, mas na verdade são adultos mal-intencionados.
— Os pais precisam saber o que os filhos estão fazendo na internet — argumenta o delegado.
Como tratar o assunto em casa
Danielle Cadan, psicóloga policial da Delegacia de Proteção à Criança de Itajaí, frisa que primeiro é importante desfazer alguns mitos sobre violência sexual infantil. Dentre eles, o de que somente meninas são vítimas. Ao contrário, esse tipo de violência acomete meninos também. Porém, estes casos, devido ao modo como a cultura se estrutura, existe ainda muita vergonha em denunciar.
— Na violência sexual, não necessariamente ocorre o contato físico, mas práticas de voyeurismo, exibicionismo, assédios e pornografia são outros exemplos. Também existem práticas de masturbação, carícias e toques nos corpos de crianças que podem caracterizar violência sexual — aponta.
A especialista diz que nem sempre as crianças vítimas de violência sexual apresentam sinais às famílias.
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— Ao abordar uma criança mais jovem, da qual suspeita-se ter vivido uma experiência abusiva, é fundamental que façamos perguntas abertas, deixando que ela conte a história de modo espontâneo, para que não coloquemos “palavras em sua boca”, ou seja, não sugestionemos sua fala. Assim, poderemos compreender o contexto da situação e verificar se, realmente, houve uma situação de violência sexual — orienta a psicóloga.
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Outro ponto importante, reforça ela, é quando constatado que, de fato, a criança foi vítima de um abuso.
— Ficar confrontando a criança com falas como “por que você não falou antes?”, “por que você deixou ele fazer isso?”, “por que você foi até a casa dele sozinha?”, têm grande potencial para causar grande sofrimento à criança, para além do abuso em si. Pois a criança vai sentir-se culpada por não ter impedido a ocorrência da violência — diz.
Danielle recomenda uma abordagem tranquila, acolhedora, dando espaço para que a criança fale da vivência e se sinta segura, é fundamental para entender o que ocorreu e para que seu sofrimento não seja acentuado.
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