“Desespero e tristeza”. É assim que a nutricionista Verônica Petry Nunes, de 23 anos, define a situação vivida durante uma consulta realizada na manhã de quarta-feira (25). Na ocasião, a profissional atendeu a um menino de dez anos, em estado de desnutrição.
Continua depois da publicidade
> Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp
Verônica conta que teve conhecimento do caso do garoto após indicação de conhecidos e, a partir disso, foi até a casa da família para entender a condição. No início da conversa, relata, a mãe do menino estava presente. Em dado momento, ela pediu para que a mulher saísse da sala, para conversar em particular com a criança.
Ela explica que este é um procedimento normal em consultas com crianças, principalmente porque a recusa alimentar pode estar relacionada com algum comportamento impositório ou agressivo dos pais.
– Foi quando ele me disse que parou de comer porque a comida está cara e a mãe dele sem dinheiro. Ele percebia que se ele comesse, estava comendo um dinheiro, então decidiu não comer porque, na cabeça dele, estava economizando – afirma Verônica.
Continua depois da publicidade
A nutricionista, além de consultas particulares, presta também atendimentos sociais, quando, dependendo da situação, não cobra pelo serviço e vai até a casa das famílias carentes. Após atender o garoto, Verônica, muito abalada, diz que se desfez em lágrimas.
– Já atendi outras situações parecidas. Infelizmente, isso acontece com bastante frequência. Mas é sempre um susto, uma dor no coração – desabafa.
> Maiores cidades de SC somam 71,9 mil pessoas com renda mensal inferior a R$ 90
Repercussão
Até a manhã desta quinta-feira (26), o tuíte de Verônica estava com mais de 28 mil compartilhamentos. Ela afirma que não esperava por esta repercussão toda e a publicação foi mais por questão de desabafo.
Ontem eu atendi uma criança de 10 anos em desnutrição, que come APENAS arroz e feijão. Ele não aceita mais NADA. Quando pedi pra mãe dele sair da sala pra eu conversar um pouco com ele, ele me disse que parou de comer pq ele sabe que comida tá caro, e a mãe dele sem dinheiro.
— verônica (@sweetvevs) August 25, 2021Continua depois da publicidade
A partir de seu tuíte, no entanto, pessoas de Joinville e de todo Brasil passaram a inundar as redes sociais da nutricionista com intuito de ajudar a família do menino. Verônica conta que já recebeu doações de cestas básicas e de hortifruti, além de quantias em dinheiro. Mas ainda não consegue mensurar a quantidade das contribuições.
– Estou separando entidades que conheço e que as pessoas estão me indicando para ajudar também outras famílias – conta.
Em Joinville, conforme dados do Ministério da Cidadania, mais de 20 mil famílias vivem em situação de extrema pobreza, caracterizada pela renda familiar per capita abaixo de R$ 89 mensais.
Apesar da situação triste, Verônica ficou admirada com o envolvimento das pessoas e, a partir disso, nutre o sentimento de esperança.
Continua depois da publicidade
– Me deixou extremamente feliz. Nunca imaginei que iria mobilizar tanta gente. Recebi mensagens do país inteiro querendo ajudar. Há pessoas boas querendo tirar a fome do país – finaliza.
Leia também
Mais de 350 quilos de cocaína são apreendidos no Porto de Itapoá
Vídeo flagra ciclista voando após bater em carro em Joinville
Esposa de prefeito é presa em operação que investiga casos de corrupção em Bela Vista do Toldo
Criolo se manifesta sobre demissão de professor de Criciúma: “Lamentável”
Conchas chamam atenção no alargamento da praia em Balneário Camboriú; veja explicação