Equipes da Vigilância Epidemiológica Estadual iniciam na próxima semana um trabalho de varredura em Itajaí para detectar se há contaminação de cães por leishmaniose visceral, doença que afeta o fígado e o baço, e pode ser transmitida aos seres humanos. Há cerca de um mês foi registrado o primeiro caso na cidade – o primeiro, também, em todo o Litoral Norte.
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Como Santa Catarina não é região endêmica de leishmaniose visceral canina, há preocupação com uma possível disseminação da doença. A primeira etapa da varredura será um exame de sangue em todos os cães que vivem num raio de 200 metros da casa onde vivia o animal que foi vítima da doença. Entre os animais domésticos, apenas cachorros podem ser vítimas da leishmaniose visceral – gatos não são afetados.
O bairro onde ocorreu o caso de leishmaniose visceral em Itajaí não foi divulgado pelo Centro de Controle de Zoonoses para que os donos não fiquem alarmados. Em caso positivo, o animal precisa ser eutanasiado.
– Existe uma portaria que proíbe o tratamento com medicamentos, usado em humanos – explica o pesquisador Mário Steindel, doutor em parasitologia e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O procedimento gera discussões, já que há linhas de pesquisa que defendem o tratamento do animal. O problema é que, mesmo curado, ele continua sendo portador da doença – e, portando, um veículo de transmissão.
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No caso diagnosticado em Itajaí, assim como em outros que ocorreram no Estado nos últimos três anos, em Florianópolis, Jaraguá do Sul e Concórdia, o animal já estava contaminado antes de chegar ao Estado. O cão, da raça Rotweiller, havia vindo do Rio Grande do Sul há 10 meses. Mas só apresentou os primeiros sintomas da doença recentemente.
O médico veterinário Raphael Lira, que atendeu o animal, desconfiou de leishmaniose visceral e encaminhou amostras de sangue do Rotweiller para Curitiba (PR), onde testes detectaram a doença.
Novos exames foram feitos, desta vez no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Florianópolis, e confirmaram a contaminação. O cão foi eutanasiado duas semanas atrás.
Cuidados
– As pessoas precisam ficar sabendo para que possam tomar cuidado. Há coleiras para afastar o mosquito e também vacinas. Mas, para vacinar, é preciso ter certeza de que o animal não é portador da doença – diz Lira.
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Há duas vacinas aprovadas no mercado, de acordo com o Ministério da Agricultura, que regulamenta produtos de uso veterinário. Assim que é feito o exame, o cão deve ser imunizado em no máximo 15 dias. O esquema de vacinação tem três doses, com intervalos de 21 dias entre uma e outra.
O pacote completo, incluindo o exame de detecção, custa em média R$ 400. Uma maneira mais barata de manter o cão livre da leishmaniose é tomar precauções em relação aos espaços que ele frequenta.
Segundo o veterinário do Núcleo de Controle de Zoonoses de Itajaí, Denilson Vargas da Silva, o uso de telas, repelentes e coleiras especiais ajuda a prevenir o contato entre o cão e o mosquito que transmite a doença.