A mãe de Ana Bely Lima de Freitas estava sentada no plenário do Fórum de São Bento do Sul. Com as mãos inquietas, Sirlei de Fátima Lima dos Santos, 38 anos, ouviu do juiz Luis Paulo Lodetti que o julgamento teria de ser adiado porque a advogada Renata Castilho não compareceu ao júri marcado para as 8h30 de ontem – novo julgamento está marcado para 12 de novembro. A ausência dela, que representa o padrasto Luciano Antonio da Silva, 31 anos, foi justificada com um atestado médico.
Continua depois da publicidade
O padrasto, que está preso na Presídio Regional de Mafra, é apontado como o assassino de Ana Bely. A mãe responde em liberdade como coautora porque teria sido conivente com as agressões. A menina de 16 meses morreu em maio de 2011, em Campo Alegre, de hemorragia interna devido a pancadas no abdômen. A denúncia do MP fala que o padrasto teria batido na menina porque ela estava chorando.
– Me parece que há, no mínimo, uma suspeita de atestado médico falso. Penso que de fato isso merece, no mínimo, uma investigação mais aprofundada -, disse o juiz Lodetti.
A suspeita é atribuída à insistência da advogada em submeter o réu a um detector de mentiras. O pedido da defesa foi negado duas vezes pela Justiça.
Continua depois da publicidade
Na semana passada, a advogada pediu que o laudo do réu, que foi submetido ao detector de mentiras de maneira independente, fosse anexado ao processo, o que também foi negado. O juiz contou que, após a terceira negativa, a advogada teria dito que não participaria do júri sem a prova.
– Não existem estudos que apontem que esse laudo seja eficaz. Uma máquina não pode dizer se ele está mentindo -, disse o juiz.
A advogada do padrasto de Ana Bely, Renata Castilho, vai entrar com representação contra o promotor do caso, Marcio Gai Veiga, junto à corregedoria do Ministério Público.
Continua depois da publicidade
A versão da advogada é de que o promotor a teria acusado de apresentar um atestado médico falso para adiar o júri, o que seria crime de falsidade ideológica, observa a magistrada.
– Ele vai ter que provar isso. Tive uma crise hipertensiva, por isso não compareci -, afirmou.
Segundo a advogada, a ligação em que o promotor teria feito tal acusação, inclusive, foi gravada e será entregue à corregedoria. Caso seja comprovado que o atestado médico apresentado é falso, a advogada terá de arcar com as despesas do julgamento e pagar multa de 20 salários mínimos.