Pelo menos quatro hospitais do Vale do Itajaí encerram o mês habitualmente com as contas no vermelho. Os déficits variam de R$ 30 mil a R$ 120 mil. Para driblar o problema e manter as portas abertas, é preciso mais do que habilidade financeira. Casas de saúde da região dependem do apoio da comunidade para conseguir renda extra por meio de ações sociais, rifas e doações.
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Em Blumenau os serviços de saúde oferecidos na construção enxaimel no alto de um morro na Vila Itoupava estão em crise. Caso não consiga contornar a falta de R$ 55 mil por mês, o Hospital Misericórdia cogita fechar as portas. A principal causa do saldo negativo é a defasagem da tabela de serviços do SUS, que também afeta as contas dos hospitais Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Gaspar, Rio do Testo, em Pomerode, e Bom Jesus, em Ituporanga.
De acordo com o administrador do Hospital Misericórdia, Atilano Junk Laffin, o Ministério da Saúde repassa apenas entre 35% e 40% do valor correspondente ao custo dos procedimentos. A cirurgia particular de remoção de varizes em uma perna custa R$ 600 por exemplo. Mas quando é feita pelo SUS, o hospital recebe R$ 181,64.
Veja a situação do Hospital Misericórdia em Blumenau:
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O valor que entra nos cofres da casa de saúde representa pouco mais de 30% das despesas e as demais receitas são insuficientes para equilibrar as contas. As dívidas impedem que a casa invista na melhoria de equipamentos e reformas no prédio: há infiltrações no teto da recepção e a obra para ampliação do hospital está parada.
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Devido ao descompasso entre o que é pago pelo SUS e os custos operacionais, o Hospital Bom Jesus, em Ituporanga, acumula dívida de R$ 1,6 milhão. Para contornar o problema, a diretora geral, irmã Edelir Stüpp, não vê outra alternativa senão a revisão de valores do SUS. Mesmo com as dificuldades enfrentadas, o diretor do Hospital Misericórdia reconhece a importância dos serviços oferecidos e pensa no futuro:
– Nos preocupamos com a manutenção do serviço por conta do crescimento da região Norte de Blumenau. Queremos tentar nos colocar à frente do problema.
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Ações sociais ajudam na manutenção
Para tentar contornar a situação o Hospital Misericórdia lançou uma campanha em parceria com a Celesc. A expectativa é arrecadar no mínimo R$ 25 mil por mês, se cada unidade consumidora da Itoupava Central doar R$ 1. Para contribuir basta preencher a autorização de doação – no site do hospital – e entregar nos locais autorizados.
A aposentada Cristina Metzner, 68, vê no Hospital Misericórdia a possibilidade de ter uma velhice com mais saúde. A moradora da Itoupava Central garante que o Misericórdia sempre foi responsável pelos cuidados com a sua família. Como saída para a crise financeira do hospital, Cristina – internada por problemas na coluna – afirma que a união de esforços é a única opção.
Em Pomerode, no Hospital e Maternidade Rio do Testo, o déficit é amenizado por ações encampadas pela população:
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– Ações da comunidade, como festas, rifas e cafés fazem a diferença para que nosso hospital mantenha equilíbrio, apesar do prejuízo mensal – afirma o diretor executivo Rolf Kühn.