O bairro Lagoa da Conceição volta a ter o seu principal ponto da cultura açoriana em funcionamento. A entrega da obra do Centro Cultural Bento Silvério faz parte da programação do aniversário de 349 anos da capital catarinense, que foi preparada pela Prefeitura Municipal de Florianópolis. O Casarão Bento Silvério e a Casa das Máquinas, que fica ao lado, compreendem o Centro Cultural Bento Silvério, sede da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes.

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Entre outras atividades que irão integrar o calendário cultural, de acordo com a Fundação, o espaço revitalizado vai servir para a realização de eventos culturais, encontro de rendeiras, biblioteca e ponto para empréstimo de piques de rendas. Além disso, o objetivo é que voltem a ser promovidas as apresentações no teatro da Casa das Máquinas e que o espaço volte a ser usado para exposições de arte popular e contemporânea.

Conheça a história do Casarão de nº 50

O Centro Cultural Bento Silvério fica sediado no casarão de nº 50, da Rua Henrique Veras do Nascimento, na Lagoa da Conceição. A construção foi inaugurada em 1912 e sediou, na época, a primeira estação radiotelegráfica da Ilha de Santa Catarina. Ao lado, há uma construção menor, que foi uma antiga Casa de Máquinas da estação. A antiga radiotelegráfica funcionou por dois anos no local.

Segundo o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), o Casarão Bento Silvério, com área total de 226 metros quadrados, foi construído pelo antigo Departamento de Correios e Telégrafos e teve como função inicial dar suporte à navegação costeira e transatlântica, em decorrência de acordos internacionais de que o Brasil participava na época.

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Atualmente, o Centro Cultural leva o nome de Bento Silvério que, conforme a Fundação Franklin Cascaes, nasceu em 1951 e faleceu em 1987, é natural do então Distrito da Lagoa da Conceição e foi um respeitável repórter político catarinense, que também se destacou por ser contista.

A edificação histórica tem traços da arquitetura do período pós-revolução industrial e, por isso, foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico do Município em 1985. 

O conjunto de casarões passou por uma restauração total e, durante o período em que estiver em obras, somente as atividades administrativas do Centro Cultural Bento Silvério funcionaram no local.

Investimento em cultura e nas tradições locais

A Prefeitura Municipal de Florianópolis acredita que preservar a cultura significa manter as tradições. Por isso, investiu na restauração de prédios históricos como o Museu de Florianópolis e o Largo da Alfândega e agora chegou a vez de reinaugurar o Casarão Bento Silvério.

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No total, as obras do Casarão ultrapassaram o investimento de R$ 1,14 milhão de reais pela prefeitura e foram executadas pela empreiteira Planalto Engenharia LTDA EPP. Toda a estrutura de alvenaria do prédio foi restaurada, com o cuidado de remover o reboco mal aderido e substituí-lo por novo de mesma qualidade do original.

Além disso, foi realizado o restauro de toda a parte de madeira relativa ao assoalho, às esquadrias e à cobertura, que neste caso foi substituído, o que se fez necessário no forro e na estrutura do telhado, e trocadas as ripas, além das telhas.

Os revestimentos cerâmicos das paredes também passaram por processo de restauração, assim como a pavimentação em piso cimentado interno e em ladrilhos hidráulicos (os originais precisaram ser trocados devido à deterioração, e foram fabricadas réplicas). A cozinha e os banheiros também ganharam cara nova, inclusive com acessibilidade, drenagem externa e pinturas interna e externa.

A edificação ainda ganhou novas instalações elétricas (cabeamento de telefone e internet, iluminação, tomadas e interruptores); hidrossanitárias, ou seja, de água e esgoto; preventivas contra incêndio, e de climatização central.

Restauro da pintura mural do Centro Cultural Bento Silvério

Entre os itens restaurados na reforma, o destaque vai para o primeiro restauro artístico de pintura mural de 110 anos do Casarão, cuja técnica usada foi a têmpera a cal. Essa pintura mural encontra-se no barrado superior (rodaforro) de duas salas do casarão, que podem ter sido usadas como as salas principais da edificação na época.

Antes do início do restauro artístico especializado, a pintura mural que deve ter origem italiana, mas é de autor desconhecido, estava coberta por uma intervenção indevida de camada de cal misturada com cimento branco, que escondia a arte original. Assim, depois de retirar essa intervenção e hidratar a superfície da parede, foi possível ver os traços da pintura dos barrados e o resquício da pigmentação original.

A etapa seguinte foi refazer o estêncil – técnica de reprodução de pintura que usa lâminas de acetato com o molde vazado do desenho original, sobre o qual é aplicado fina mão de tinta – de época. E, por fim, foi aplicada uma aguada de têmpera importada holandesa e italiana.

O arabesco, popularmente conhecido como “árvore da vida invertido”, que corresponde à pintura mural encontrada, tinha imagens vermelho rosada, representando flores de cerejeira, e marrom claro, numa estilização de um conjunto de três crisântemos. O que significa que, provavelmente, o molde dessa pintura mural foi feito especialmente para ser usado na então estação radiotelegráfica.

Entrega de obras em comemoração ao aniversário de 349 de Florianópolis

Durante a programação de aniversário da capital catarinense, a Prefeitura Municipal de Florianópolis preparou uma série de obras que serão entregues, como a revitalização da Praça Santos Dumont e a revitalização da Rua da Praia.

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Estão programadas ainda a abertura da ciclovia da Via Expressa Sul, a rua da Praia na Tapera, da Biblioteca Barreiros Filho e a revitalização do antigo traçado da rua Padre Rohr.

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