Um tambor que continha 500 litros de arseniato de cobre cromado, produto químico usado no tratamento da madeira, caiu de um caminhão de transporte nesta segunda-feira, às 16h, próximo ao trevo de acesso à comunidade de Varginha, no município de Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis.

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Na queda, o composto altamente tóxico ao ser humano vazou e todo o líquido escorreu até um ponto a poucos metros das águas do Rio Matias, afluente importante da Bacia do Rio Cubatão que é utilizado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) para abastecimento da Grande Florianópolis.

Com alto risco de contaminação, a captação no local foi suspensa a partir das 19h e uma amostra da água do rio foi coletada em diversos pontos para análise. Ao mesmo tempo, técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) providenciaram caçambas de areia da prefeitura local para impedir que o líquido se alastrasse.

De acordo com o diretor de Fiscalização da Fatma, Márcio Luiz Alves, uma área de 50 metros quadrados de solo foi contaminado até terminada a contenção.

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– A Casan vai analisar, mas creio que só houve contaminação do solo, o que vamos remover e descartar em local apropriado. Se tivesse chegado até a água, fatalmente estaríamos com sérios problemas para resolver – disse Alves.

O agente fiscal Carlos Soares, que acompanhou o trabalho de contenção e remoção do produto, explicou que o arseniato de cobre cromado é classificado com periculosidade classe 1, a mais alta segundo critério utilizado pela Fatma. Segundo ele, por ter arsênio na composição, poucos mililitros do produto poderia matar o um ser humano.

Veja em vídeo a remoção do solo contaminado nas margens do rio Matias:

O caminhão de transporte, que não sofreu qualquer tipo de avaria, foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por não estar de acordo com a legislação de carga perigosa. A empresa responsável deve ser autuada após a conclusão da análise do impacto ambiental gerado pelo vazamento.

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Produto era transportado irregularmente

O caminhão de uma transportadora de Brusque ia em direção a Lages, pela BR-282. Ao fazer uma curva no trevo de acesso à comunidade de Varginha, o tambor contendo 500 litros de arseniato de cobre cromado bateu contra a porta lateral, que abriu, causando a queda do produto químico.

Segundo apurou o agente fiscal da Fatma, Carlos Soares, o motorista ainda seguiu viagem por cerca de meio quilômetro antes de se dar conta que a carga perigosa havia caído. Após verificação do órgão ambiental, constatou-se que o veículo de transporte não tinha condições de levar o produto, que é utilizado no tratamento de madeira.

– Não havia indicações do produto na parte externa, um painel de risco avisando sobre a carga. O químico ainda estava sendo transportado com produtos para consumo humano, como copos descartáveis. Estava totalmente fora da legislação.

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Outra irregulardidade, segundo Soares, foi que a empresa responsável pelo transporte demorou a dar uma solução para remover o produto do solo.

– A seguradora chegou a ser acionada, mas como demorou muito a aparecer, tomamos as medidas necessárias para conter o vazamento – relatou Soares.

Uma avaliação sobre o impacto ambiental deve determinar o valor da autuação. A Fatma não sou informar o destino da carga. Tentamos contato com a empresa até 22h21min, mas sem êxito.

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Abastecimento não foi afetado

A captação da água do Rio Matias, afluente da Bacia do Rio Cubatão, é utilizado pela Casan quando o Rio Pilões apresenta baixas no nível. Era o caso da tarde de ontem, quando o tambor com arseniato de cobre cromado vazou. A empresa suspendeu a captação do rio por volta das 19h e, por determinação da Fatma, coletou amostras em diversos pontos até o local onde a captação é feita. Segundo a gerente do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Casan, Patrice Barzan, não houve contaminação do rio.

– A princípio não temos indícios de que o produto caiu no rio. Vamos fazer nova coleta e enviar o material para análise em um laboratório especial para termos um resultado – disse.

A captação da água ficou suspensa até o recolhimento total do solo, tempo necessário para não afetar o abastecimento da Grande Florianópolis, de segundo a empresa.

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