O carteiro Joabe Paulino de Souza encara o pior de seus 29 verões. Durante o dia, distribui cartas de bicicleta pelas ruas de Indaial e enfrenta o sol da cidade que tem uma das temperaturas mais altas do Estado. À noite, quando chega em casa, na Rua Adela Cipriano, Estrada Das Areias, nem sequer pode tomar um banho gelado para se livrar do calor. Desde novembro, os moradores da localidade estão com as torneiras secas.

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Até o início da semana, a falta de água começava às 9h e seguia até o final da noite. Desde quarta-feira, a seca foi amenizada pela Casan, que reforçou as manobras de registro para bloquear a distribuição de água nas áreas mais baixas e redirecionar às mais altas, como os bairros Warnow, Sol e Encano do Norte. Apesar da melhora, até quinta-feira, havia falta de água nessas regiões das 16h às 24h. São pelo menos 300 casas sem receber regularmente o serviço.

Na lavanderia de Joabe, as roupas já formam pilhas. Na cozinha, a louça se acumula até que a água volte às torneiras.

– Quando a água chega de madrugada, a gente enche baldes e bacias para armazenar para o dia seguinte. É o único jeito – revela.

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Até a banheira de plástico do filho de dois anos ganha nova função. Deposita a água que sai da máquina de lavar, para ser usada na limpeza do banheiro. O vizinho Alcides Fontana, 48 anos, tomou providência e instalou um poço artesiano em casa no ano passado. Foi o primeiro morador da rua, há 18 anos, e há cinco enfrenta o drama de não ter água no verão.

Gerente regional da Casan, Antonio Carlos Fink justifica que a falta de água foi causada pelo consumo abusivo de parte da população. Nas releituras feitas esta semana, ele detectou que uma residência do Bairro das Nações, que consumia em média 95 mil litros por mês, consumiu no último mês 898 mil litros. Outras 10 casas do mesmo bairro, que costumavam gastar 20 mil litros mensais, passaram a consumir, juntas, 612 mil nos últimos 30 dias.

– Bombeamos 150 litros por segundo. Estamos trabalhando na capacidade máxima e seria o suficiente para toda a população. Mas o calor faz com que as pessoas encham piscinas e abusem no consumo de água, lavando calçadas e carros. E quem sente são os moradores das áreas mais altas – argumenta Fink.

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A Casan enviou notificações aos usuários questionando o alto consumo e solicitando que verifiquem as instalações hidráulicas para certificar de que não existe vazamentos nos imóveis. Segundo Fink, a população tem atendido aos apelos da Casan para economizar água. A estimativa é de que na próxima semana, o sistema volte a operar com regularidade.