Não adianta. Casamento nunca sai de moda. O que muda é o orçamento do casal. Pode ser para uma lista interminável de convidados ou só para os mais próximos. Numa igrejinha simpática quase barroca ou à beira-mar repleto de ostentação. A areia branca e o mar azul esverdeado de Jurerê Internacional – características mais comuns fora do verão – são um atrativo para noivos do país inteiro. Muito mais para quem é de fora do que para os locais. Raros são os manezinhos que escolhem o bairro para a data.

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Geralmente quando a temporada de calor nos deixa, os famosos beach clubs dão espaço para outro tipo de badalação. São cerimônias e festas de casamento quase sempre regadas a litros e litros de champanhe (espumante, jamais), jardins imensos de flores da estação (ou importadas de muito longe), velas, velas e velas, DJs estrelados (ou uma dupla sertaneja, tão em alta) e uma profusão de cores nos vestidos das madrinhas que deixaria a escala da Pantone sem graça. É muito vermelho, verde e azul conjugados com pedrarias, transparências e quilômetros de tecidos. O dourado, claro, também tem seu valor neste caríssimo metro quadrado do litoral catarinense.

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Casamento na praia não é uma novidade – os hippies, por exemplo, já conheciam este prazer muito antes dos herdeiros e empresários –, mas Jurerê atrai interessados porque a praia conquistou o status diante do imaginário nacional daquilo que chamamos de paraíso. E sobram noivas (ou os pais delas?) dispostas a desembolsar verdadeiras fortunas por algumas horas de diversão, bebida, comida de chef badalado e um pôr do sol (talvez até o nascer do sol) que dispensa filtro no Instagram.

Status, ostentação, sonho. Não importa o sentimento. O que importa é a realização de um desejo. De um desejo de pertencimento. Mas não dá para generalizar os casamentos em Jurerê a partir deste que ganhou as manchetes via Lei Rouanet. Muitos dos noivos que escolhem o local para um dos momentos mais importantes de suas vidas pagam a conta com o próprio dinheiro. E não devem nada pra ninguém. Como tem que ser. Na alegria e na tristeza.

*Cristiano Santos é editor da revista Donna