Os argentinos José Maria Di Bello e Alex Freyre, que celebraram o primeiro casamento gay da América Latina nesta segunda-feira, disseram que sua união abre caminho para outras do tipo na região.

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– Este casamento é uma festa para toda América Latina e o Caribe. Estamos iluminando toda a região – afirmou Di Bello. Ele e Freyre concederam entrevistas na terça-feira em Buenos Aires sobre os detalhes de seu casamento, ocorrido em Ushuaia, capital da província da Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina.

– Aqui estamos. Somos marido e marido finalmente – comemorou Di Bello, interrompido pelo aplauso de membros de organizações defensoras dos direitos dos homossexuais.

Rejeitado por grupos católicos e conservadores, o casamento de Di Bello e Freyre foi possível graças a um decreto provincial que reverteu uma complexa controvérsia judicial que tinha impedido-os de se casar em Buenos Aires.

A governadora da Terra do Fogo, Fabiana Ríos, aceitou um recurso apresentado pelo casal e ordenou o Registro Civil de Ushuaia que os casasse.

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Os recém-casados se mostraram ansiosos por retornar a Ushuaia para continuar com sua lua-de-mel, além de aproveitar a estadia para realizar atividades de prevenção contra a Aids, doença da qual ambos sofrem, explicou Freyre.

– Estamos recebendo vários convites, mas a melhor lua-de-mel vai ser em Ushuaia – disse Freyre, que pediu Di Bello em casamento há um ano, em Paris.

Segundo ele, quase 50 casais gays entraram com recursos judiciais em diferentes províncias argentinas para poderem se casar.

O casal disse confiar em que a Justiça do país se manifeste sobre a validade do casamento entre pessoas do mesmo sexo, depois que a juíza Elena Highton de Nolasco, da Suprema Corte argentina, disse que o máximo tribunal do país “seguramente” tratará do assunto em 2010.

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Atualmente, quatro cidades da Argentina, entre elas a capital do país, reconhecem a união civil entre pessoas do mesmo sexo, o que não é equiparável juridicamente ao casamento.

– Não queremos a união civil, queremos igualdade jurídica e para isso é necessária uma lei – afirmaram Freyre e Di Bello.

A Corporação de Advogados Católicos da Argentina considerou o casamento como “nulo” e deve entrar com um recurso judicial nas próximas horas para tentar deixá-lo sem efeito.