Há quem acredite que namoro de adolescência seja apenas uma fase e dificilmente avance com o passar do tempo. No caso de Suelen e Anthony Prochnow, de Ascurra, a relação que começou aos 12 anos de idade foi, de fato, interrompida por adversidades da vida. O que não significa, no entanto, que eles se esqueceram um do outro.
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Quase duas décadas após a dramática separação, os jovens — que já não eram mais adolescentes — se reencontraram, por acaso, na Oktoberfest de Blumenau. E foi ali, em meio ao pavilhão da Vila Germânica, que eles tiveram um “final feliz” de arrancar suspiros depois de uma história tão bem escrita quanto um romance de cinema.
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Tudo começa no ano de 2000, época em que redes sociais e interações pela internet eram praticamente nulas. Suelen e Anthony moravam na mesma região da pequena cidade do Médio Vale, mas só foram cruzar o caminho um do outro durante uma competição entre bairros.
Os dois participavam do mesmo treino de vôlei e acabaram se apaixonando. Suelen relembra, no entanto, que eles não mantiveram um relacionamento sério a considerar a idade de ambos, mas também não esperavam que fosse durar tão pouco.
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Destino transforma romance de Oktoberfest Blumenau em emocionante história de amor
Isso porque, logo depois que se conheceram, o rapaz teve de se mudar para o Paraná e, ainda que viajasse vez ou outra até Ascurra, o universo parecia não colaborar para que os dois se reencontrassem. Anthony costumava aparecer na cidade durante o Natal e, justamente nesse período, Suelen não ficava pela região.
— Nessa época eu acabava indo para a praia com a minha família. Então a gente nunca conseguia se ver — relembra ela.
E foi assim por 11 anos, período em que o rapaz permaneceu morando no estado vizinho. Sem celulares e na tentativa de manter contato um com o outro, eles se comunicavam por cartas, mas a constância disso se perdeu com o passar do tempo.
Amor de Oktoberfest vira casamento com direito a “sim” durante a festa em Blumenau
Ao completar 18 anos, Suelen se mudou para Blumenau. Nessa época, ela já não conversava mais com Anthony, só que como ambos tinham amigos em comum, a jovem ainda conseguia acompanhar a vida do rapaz, mesmo que de longe. A quilômetros dali, Anthony recebia atualizações da amada da mesma forma.
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E eles sabiam que o sentimento que surgiu na adolescência continuava tão intenso quanto no começo dessa história.
— E aí a gente acabava alimentando esse desejo de ficar juntos. Só que não dava — relembra Suelen.
Declaração pelo Orkut
O tempo passou, os dois continuaram distantes, e em 2007 Suelen decidiu que faria um intercâmbio. A ideia era morar por alguns anos nos Estados Unidos. Com as malas prontas, nada poderia abalar a confiança da jovem em relação à viagem. Até receber uma declaração pelo Orkut.
Um dia antes de embarcar no avião, Suelen se deparou com uma mensagem inesperada de Anthony pela rede social “falecida” desde 2014. O rapaz dizia que era apaixonado por ela, mas, ainda que o sentimento fosse recíproco, a garota não poderia desistir da viagem que tanto planejou.
Suelen decidiu, portanto, seguir a intuição e viver a experiência de um intercâmbio na América do Norte. Mais uma vez, ela precisava confiar no destino.
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— E aí eu pensei que, se um dia fosse para a gente ficar junto, a gente ficaria — conta.

Uma surpresa no retorno ao Brasil
Suelen morou nos Estados Unidos por três anos. Quando voltou ao Brasil, em 2010, na esperança de finalmente viver aquele amor de adolescência, ela teve uma surpresa que colocou os planos por água abaixo.
Anthony já estava em um relacionamento com outra pessoa. Com isso, não restou outra alternativa a não ser seguir em frente. E foi isso o que Suelen fez. Logo, ela também encontrou um parceiro e embarcou na aventura de viver um novo amor.
Ambos os relacionamentos, porém, chegaram ao fim e os dois souberam da “novidade” pelas redes sociais. Só que, mesmo que estivessem solteiros, Anthony e Suelen não faziam ideia de que um ainda gostava do outro. Afinal, como poderiam saber que, depois de tanto tempo, o sentimento permanecia recíproco?
Até que no dia 11 de outubro de 2012, uma ida à Oktoberfest Blumenau fez com que o destino finalmente se encarregasse de dar “uma força” ao casal — ainda que 12 anos depois.
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O tão esperado reencontro
Era uma quinta-feira quando Suelen decidiu aproveitar a folia da festa mais alemã das Américas junto às amigas. Todas elas sabiam do amor quase impossível que a garota tentava viver com o amado desde a adolescência e torciam para que essa história tivesse um final de feliz.
Ninguém imaginava, porém, que quando isso acontecesse, o desfecho seria tão emocionante quanto em um filme de romance.
— De repente eu estava lá no pavilhão perto do Biergarten, mal tinha chegado na Oktober, e elas [as amigas] começaram a dizer que o Toni estava ali também. Quando eu me viro, vejo ele caminhando na minha direção. Ninguém falou nada, a gente simplesmente se abraçou e ficamos assim por uns três minutos — relembra Suelen.

“Toni” era como chamavam o rapaz por quem Suelen sempre foi apaixonada. Ela recorda até mesmo da primeira frase dita por Anthony quando os dois se desvencilharam do abraço. “O trem voltou para o trilho”, disse ele como quem tivesse a certeza de que era apenas uma questão de tempo para que ficassem juntos.
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E aquele dia finalmente tinha chegado.
Parada obrigatória depois do casamento
Naquele mesmo dia do reencontro, Suelen e Anthony já saíram da festa como namorados. Exatamente três anos depois, em 11 de outubro de 2015, eles casaram, optando pela data justamente por ter sido um dia marcante para os dois.
Só que ao contrário de muitos casais que aguardam ansiosamente pela tranquilidade da lua de mel após a troca de alianças, Suelen e Anthony tinham outra prioridade para o dia seguinte, já que um lugar específico de Blumenau se tornou parada obrigatória dos dois em todas as edições.
— A gente queria ir para lá [na Oktoberfest] antes de viajar. Como passaríamos um tempo fora daqui, a gente sabia que não daria tempo de ir na volta. Então fizemos questão de ir para a lua de mel depois, para aproveitarmos a Oktober naquele dia — conta Suelen.

Desde então, o casal — que mora, atualmente, em Ascurra — não perde um ano da festa mais alemã das Américas. Até mesmo quando engravidou da primeira filha, em 2017, Suelen não deixou de comparecer ao evento e, aos oito meses de gestação, prestigiou a Oktoberfest.
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Mais tarde, em 2022, chegou ao mundo o pequeno Thomas, que, com apenas quatro meses de vida, já conheceu os pavilhões da Vila Germânica no retorno após a pandemia de Covid-19. Já a pequena Luiza, que hoje está com cinco anos, herdou dos pais a paixão pela festa e, em todas as edições, espera ansiosamente para se vestir de “frida” e aproveitar a folia.
A curiosa história do casal unido pela Oktober de Blumenau que nunca mais foi à festa
E foi assim que o Parque Vila Germânica virou o lugar que marcou não só um reencontro entre namorados de adolescência no dia 12 de outubro de 2012, mas o recomeço de uma história de amor que nunca teve um ponto final.
— No dia em que nos vimos, a gente não precisou falar nada porque, quando nos olhamos, percebemos que agora iríamos ficar juntos. Como a gente sempre quis.
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*Sob supervisão de Augusto Ittner
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