Era uma noite chuvosa de 30 de outubro quando, há exatos 20 anos, o avião bimotor que transportava o empresário Harold Nielson, então presidente do extinto Grupo Busscar, de Joinville, colidiu contra o Morro do Caju e caiu no Morro do Gibraltar, na divisa de Joinville, São Francisco do Sul e Garuva. O piloto, Paulo Duleba, 48 anos, havia tentado pousar no Aeroporto de Joinville. Ele também levava o filho, Paulo Duleba Filho, 25 anos, como tripulante. “A Notícia” recorda o acidente com entrevistas das testemunhas do fato e as reportagens dos jornais da época.

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Para a equipe de socorro atravessar a Baía da Babitonga, uma “bateira” de propriedade de Nito, foi usada. A embarcação foi guiada pelo filho dele, Cleber Magalhães, que tinha 19 anos, e levou cerca de 12 pessoas na primeira viagem até o outro lado da costa. Lá, policiais bateram à porta do casal de lavradores Nelcina Brummer, então com 50 anos, e Miguel Gonçalves Fernandes, 42, assim como fez a equipe de reportagem de “AN” neste mês para contar essa história.

Agora aos 70 e aos 62 anos, eles logo entenderam o motivo da visita. Isso porque, mesmo após 20 anos, os dois já perderam as contas de quantas vezes tocaram no assunto. Foram eles que abriram os caminhos das equipes de resgate até os destroços do avião, por conhecerem a região “como a palma da mão”.

Acionados para ajudar, deixaram a mesa de jantar posta e, munidos de um facão e duas lanternas, se embrenharam na mata e abriram uma picada para encontrar possíveis sobreviventes.

— Vimos na televisão que o avião caiu, mas não imaginávamos que fosse tão perto. Meu cunhado e o neto escutaram um estrondo, mas achamos que era detonação de rocha. Com o chamado, partimos num grupo de umas 15 pessoas e entramos no mato, embaixo de lama, do frio e da chuva. Tínhamos somente duas lanternas e caminhamos por duas horas até o topo do morro. De lá, veio um cheiro forte de queimado e querosene e deu para ver a fumaça e o fogo — conta ela.

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Os destroços foram encontrados por volta da meia-noite e 45 de sábado.

— Demos as coordenadas e seguimos até lá porque poderia ter alguém vivo. Fomos a primeira equipe a chegar (no local da queda) e ajudamos a apagar o fogo com areia, mas já estava tudo destruído — recorda o casal, unindo as lembranças.

— Um dia, anos depois, voltei lá; o Miguel, nunca mais. Não tem mais nada — afirma Nelcina.

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