Repercute nas redes sociais um episódio de homofobia ocorrido em Balneário Camboriú na madrugada do primeiro dia deste ano, em que dois homens teriam sido ameaçados por estarem andando de mãos dadas. A Polícia Civil apura o caso e o agressor foi identificado após moradores o reconheceram na gravação feita por uma das vítimas, Bruno Cardoso, de 23 anos.
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Cardoso conta que voltava da praia logo após a virada do ano junto com o namorado e duas amigas quando uma confusão envolvendo populares e a Polícia Militar o fizeram entrar na Rua 1.200. Eles caminhavam um pouco mais à frente das duas, de mãos dadas, e por isso foram os primeiros a passar diante de quatro pessoas — dois rapazes e duas mulheres — que estavam sentadas às margens da via.
Foi neste momento que ouviu um dos homens comentar com o outro: “Ah se eu dou uma garrafada na cabeça”.
O casal entendeu o comentário homofóbico e o parceiro de Cardoso decidiu questionar o estranho. Cardoso, que é de Curitiba, mas costuma se hospedar em Balneário Camboriú com frequência, gravou com o celular o que aconteceu depois dessa abordagem. O vídeo foi cedido à reportagem do Santa pelo casal (assista abaixo). As imagens mostram o homem vindo em direção a eles. Ele chuta Cardoso, que questiona algumas vezes: “O que a gente fez?”.
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A confusão continua, o suspeito ressalta: "Aqui é Monte Alegre" (um bairro de Camboriú), dá um empurrão em uma das mulheres enquanto o amigo dele tenta o segurar. O caso termina com um grupo de desconhecidos que chega e afasta os dois agressores.
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— Se ele acertasse aquela garrafa em um de nós poderia acontecer uma tragédia. Foi desesperador, a sorte é que aquele grupo chegou para ajudar. Além do medo, fica o trauma — lamenta.
Inquérito instaurado
Ele registrou um boletim de ocorrência naquele mesmo dia pela internet e levou as imagens à delegacia no domingo (3), antes de voltar ao estado vizinho. Com a repercussão na internet, uma moradora do município entrou em contato com ele e passou a identidade do principal agressor. Com o nome em mãos, o delegado Ricardo Casarolli passou a apurar a história. Ele aguarda ouvir outras testemunhas e ter acesso a mais imagens para concluir a investigação.
— O inquérito foi instaurado para apurar se houve conduta homofóbica, envolvendo aversão odiosa à orientação sexual da vítima. Assim, após a instrução do procedimento policial será possível determinar, de fato, se além da ameaça houve injúria qualificada pelo preconceito — explica Casarolli.
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Isso pode agravar o crime de injúria, que passaria de “simples” para qualificada, ou seja, a pena aumenta de um a seis meses de detenção para um a três anos. A ameaça também é um crime de menor potencial. O delegado deve chamar o suspeito, que é conhecido pelo histórico de brigas quando ainda era adolescente.
— Só quero que esse caso sirva para essas pessoas repensarem a atitude delas. Esse tipo de situação não vai passar em pune — acredita Cardoso.
O paranaense relata já ter sentido na pele a homofobia, mas nunca com a gravidade desta ocorrência. Agora, restou o medo de que casos semelhantes aconteçam. Porém, garante que jamais deixará de denunciar.
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Contraponto
A reportagem tentou localizar o autor da agressão, mas não conseguiu contato até a publicação desta matéria.
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