Comovida com a cena de um casal carregando um bebê no colo e uma mala sem ter para onde ir, na região do Mercado Público, em Florianópolis, a ambulante Lucilene Costa Varela, 38 anos, jamais imaginou que o ato de abrigá-los se transformaria num pesadelo para ela e a família de desconhecidos.

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Lucilene afirma que a criança foi levada de sua casa há três dias e suspeita de rapto, pois a namorada do filho também desapareceu.

O sumiço de Vitória Cristiane da Silva Gonçalves, que tem apenas um mês de vida, foi comunicado no sábado na 6ª Delegacia de Polícia, que cuida de casos envolvendo crianças, adolescentes e mulheres.

Os pais do bebê, o casal gaúcho Adriana da Silva, 26 anos, e Cristiano Gonçalves, 32, fizeram a queixa na polícia.

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Eles são de Caxias do Sul, na serra gaúcha. Dizem que chegaram na Capital na quinta-feira e que neste dia ficaram até por volta das 22h no entorno do Mercado Público. Foi ali que conheceram a vendedora ambulante Lucilene Varela, que vende água de côco, refrigerantes e cerveja.

Lucilene conta que se comoveu ao ver o casal com a mala na rua e ofereceu estadia em sua casa, um barraco que fica no alto do morro da Caieira do Saco dos Limões, na Ilha. Na mesma casa de Lucilene moram o filho e a namorada, uma jovem de 19 anos que dizia ser de São Paulo e que também estava abrigada no lugar.

Na sexta-feira, todos foram para o Centro. Os pais e Lucilene contam que, antes do meio-dia, em razão da chuva, a jovem se ofereceu para levar o bebê e cuidá-lo em casa. Segundo eles, foi a última vez que viram a criança. O casal afirma que ao retornar para casa, no começo da noite, não havia ninguém no local.

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Ninguém deixou recado ou avisou sobre o paradeiro da jovem com a criança. Lucilene e o casal relatam ter corrido a região e o Centro em busca das duas, mas sem sucesso. Foi, então, que viram que roupas da jovem não estavam mais na casa e que a mamadeira e algumas fraldas tinham sumido.

O namorado disse que conhecia a jovem há três meses, que ela dizia ser de São Paulo e que nunca aparentou ter qualquer problema ou má índole. Lucilene e o namorado ligaram várias vezes para ela, mas ninguém respondia do outro lado da linha. No domingo à tarde, em outras várias tentativas, o telefone dizia impossibilitado de receber chamadas.

– Fui fazer um favor para não deixar ninguém na rua com uma criança e acabou acontecendo tudo isso. Imagino como estou me sentindo – dizia Lucilene em lágrimas e desconfiando de sequestro.

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Lucilene também foi à polícia. Desesperada com o sumiço, ela disse que os policiais mandaram voltar na segunda-feira de manhã para que falasse com o delegado. O DC procurou a 6ª DP neste domingo. Os policiais de plantão afirmaram que a investigação seria feita a partir de segunda-feira. No boletim de ocorrência o caso ficou registrado como “fuga de pessoa”.

ENTREVISTA: Adriana da Silva, mãe do bebê

A dona de casa Adriana da Silva, 26 anos, saiu de Caxias do Sul (RS) com o marido em busca de emprego em Florianópolis. Um dia depois de chegar à Ilha, acabou ficando também sem a filha, um bebê de um mês, que está sumido. Ela suspeita que a criança tenha sido levada por uma jovem de 19 anos. A seguir, os principais trechos da entrevista ao DC:

Diário Catarinense – O que vieram fazer em Florianópolis?

Adriana da Silva – Viemos para trabalhar. Eu já conhecia aqui. Chegamos quinta de noite. Eu sabia que tinha um lugarzinho bem perto do Mercado para dormir. Daí simplesmente saí com a nenê para arrumar um dinheiro para a gente jantar. Aí conheci ela (Lucilene).

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DC – Não ficaram com medo de largar a criança a uma desconhecida de vocês?

Adriana – Como era nora dela (aponta para Lucilene), eu não tive receio.

DC – O que essa jovem lhe falou?

Adriana – A única coisa que ela (a nora de Lucilene) me falava quando tava lá com a gente é que ela tava admirando demais e falava que tava com saudade da filha dela (moraria com a avó em Uruguaiana, no RS).

DC – Qual o motivo que a senhora desconfia que ela teria para levar a criança?

Adriana – Ela levou. Acho que ela achou parecida com a filha dela. Ela admirava demais.

DC – Alguma notícia dela nesses dias?

Adriana – Nada, nada, nada. Nunca vimos ela antes. Não pode ser normal quem faz isso. Não quero mal para a guria. Só quero a minha filha de volta, não vou fazer nada.

DC – O que a polícia disse?

Adriana – A polícia me falou que ela já teve problema envolvendo outra criança em Joinville quando era menor de idade.

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DC – A senhora comentou que a criança tem uma deficiência física nos pés?

Adriana – Ela tem os pezinhos tortos, preciso dela para fazer fisioterapia e cirurgia. Ela fez um mês ontem. Eu preciso dela. E já falei ao meu marido, se Deus o livre acontecer alguma coisa com a minha filha eu caio na bebida e nas drogas.