Um casal de Joinville decidiu largar a vida tradicional para morar na estrada a bordo de uma kombi e conhecer o continente americano. Eles saíram do Norte de Santa Catarina há mais de um ano e meio, percorreram quase todo o Brasil e, neste mês, devem iniciar a próxima parte da expedição: ir de carro até o Alasca, nos Estados Unidos.

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Josseli Weirich trabalhava como cabeleireira e Nilson Weirich coordenava um projeto social no Morro do Meio por 13 anos antes de darem início ao projeto “De cabeça pelo mundo”. Eles levaram dois anos para planejar a expedição, incluindo a compra e adaptação da kombi, e saíram pela estrada em 10 de março de 2021.

A kombi é chamada de “Cabeçuda” e foi adaptada para viver na estrada: tem geladeira, fogão, cama, energia solar e tudo que é básico para um casal sobreviver. O veículo foi escolhido por ser barato e também por chamar atenção das pessoas.

Na primeira parte da expedição, o casal percorreu 20 estados brasileiros, conheceu 358 cidades e morou em várias delas. Entre os lugares mais marcantes da jornada, o casal destaca os municípios de Cabaceiras (PB) e Quixadá (CE), onde foram gravados “O Auto da Compadecida” e um filme dos Trapalhões. Segundo Nilson, não é apenas uma viagem, mas um estilo de vida.

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— É uma experiência única de conhecermos muitas pessoas. Fizemos amizades em todas as cidades por onde passamos, mas a dificuldade é que estamos sempre nos despedindo — conta.

Nilson e Josseli Weirich durante passagem por Cabaceiras (PB) (Foto: Arquivo pessoal)

A segunda parte da expedição deve durar cerca de oito anos, de acordo com a estimativa do casal. A ideia deles é sair de Joinville e dirigir até o Rio Grande do Sul. Em seguida, vão até o Ushuaia – considerada a última cidade habitada no Sul do continente americano – para depois subir pela rodovia Panamericana, que vai até o Alasca.

— A gente vai percorrer toda essa rodovia, conhecendo os países ao redor. Queremos morar nos 18 países, o tempo que for permitido por lei em cada um deles — revela Nilson.

Até agora, o casal joinvilense não sofreu perrengues com o carro – apenas um problema mecânico com a embreagem – e espera continuar com a kombi em dia pelos próximos anos para completar a expedição ao lado da “Cabeçuda”.

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Trabalho social pela estrada

Quando escolheram largar a vida em Joinville para viver na estrada, Nilson e Josseli também decidiram levar consigo o trabalho social que já era realizado na cidade catarinense. Ele coordenava uma rede de proteção à crianças e adolescentes, envolvendo entidades governamentais e não-governamentais, para prevenção e combate ao abuso sexual infantil.

A iniciativa foi incorporada ao projeto “De cabeça pelo mundo”. Com isso, o casal passa pelas cidades e faz contato com as secretarias de educação ou igrejas para realizar palestras para educadores e professores.

— Em municípios pequenos, bem no interior, já chegamos a fazer isso para todos os professores da rede municipal — conta Nilson.

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Além disso, o casal é escoteiro e leva ensinamentos da área por onde passa. No sertão do Ceará, Paraíba e Pernambuco, por exemplo, deram suporte para projetos sociais também implantarem o escotismo junto as crianças.

de cabeça pelo mundo
Casal passou por 20 estados e mais de 300 cidades brasileiras (Foto: Arquivo pessoal)

Vida adaptada para a estrada

Além de conseguirem um veículo para sair pela estrada, Nilson e Josseli também tiveram que adaptar outras situações para que pudessem colocar o projeto em prática. Primeiramente, deixaram as duas filhas, de 24 e 26 anos, vivendo em Santa Catarina e precisam lidar com a saudade. Durante a expedição pelo Brasil, as duas se deslocaram até Minas Gerais para passar o Natal e Ano-novo ao lado dos pais.

Outro aspecto é o financeiro para se manterem na estrada com tranquilidade. Além da aposentadoria, o casal também vende artesanatos nas cidades por onde passagem. Josseli faz tartarugas de crochê e consegue uma renda extra para os custos do dia a dia. E outra fonte de recursos é a ajuda de pessoas que conhecem pelo caminho.

— A gente recebe muita ajuda. Tem pessoas que nos fazem um PIX, teve um motociclista que nos pagou o pedágio, outros que nos pagam combustível. E também se tiverem empresas que queiram associar a marca ao projeto, a gente está em busca de patrocínios — explica Nilson.

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Caso consigam patrocinadores para a expedição, há ainda a ideia de se manter morando na estrada por mais tempo após concluir a jornada até o Alasca. O casal cogita colocar a kombi em um navio e partir para a aventura em um novo continente, como a África. Segundo eles, se tiverem saúde, o projeto não vai parar tão cedo.