O plano era comprar uma chácara, viver a vida simples junto à natureza. Porém, as estratosféricas cifras do ramo imobiliário fizeram a terra própria ficar de lado, temporariamente. O que ganhou corpo foi outro tipo de simplicidade. Por quatro meses, os 43 quilos carregados em duas mochilas foram as únicas posses materiais de um casal de Jaraguá do Sul. Em um mochilão de 110 dias pela Patagônia, Bruna de Moraes, 25, e Diego Nunes, 27, descobriram que a vida que desejam pode estar em muitos lugares.

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Para eles, a viagem que os guiou por 21 cidades foi um momento de transformação. A expectativa inicial era buscar recantos permeados de natureza. O que o roteiro revelou, porém, foi o lado mais belo do contato humano.

– Não esperávamos tanta ajuda, com caronas, hospedagem. Saímos com a ideia de ver a natureza e voltamos com um sentimento de comunidade – resume Diego.

– Até as fotos mostram isso: no começo estamos sempre sozinhos nas imagens, no fim da viagem há sempre alguém conosco – completa Bruna.

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Além disso, nos dias de viagem, poucas foram as noites de hospedagem paga. Além da barraca que serviu de abrigo, muito tempo foi passado na casa de pessoas encontradas pelo site Couchsurfing (que oferta hospedagem solidária) ou por indicações e convites. A disponibilidade em ajudar surpreendeu e marcou os dias longe de casa.

A viagem começou no dia 20 de janeiro e a volta foi no dia 10 de maio. Apesar da previsão de três meses para visitar os principais pontos desejados, não havia data de volta. A premissa era fazer trekkings (caminhada a pé) e gastar o mínimo possível. Os passeios a pé trouxeram a certeza da superação. E os poucos gastos feitos no percurso mostraram que é possível ir longe com pouco dinheiro. Toda essa experiência e aprendizados estão disponíveis em um site criado para acompanhar a trajetória de Bruna e Diego. Chamada A Natureza Humana, a página ainda está sendo atualizada com informações sobre o percurso e dicas para viajantes.

Um futuro simples

Bruna conta que a viagem inteira foi um grande brainstorming. Antes da partida, ambos tinham empregos confortáveis e que apreciavam – não foi a insatisfação profissional que os levou para longe. Ela, designer gráfica, ele, fotógrafo. Para o mochilão, ambos deixaram seus trabalhos. E lá, em meio à estrada, descobriram outras possibilidades de sustento. Na volta ao Brasil, em vez de descanso, o casal encara muito trabalho.

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O primeiro passo é ativar uma loja online pelo blog da viagem. Fotos, quadros e posters estão na lista de produtos, assim como os scrapbooks feitos manualmente por Bruna. Um possível livro também pode nascer da experiência, como forma de incentivo a outros viajantes. Para os próximos meses, o desejo é organizar eventos nos quais as vivências da viagem possam ser compartilhadas.