Para os cerca de 400 haitianos que passaram por Florianópolis desde maio, os desejos são vários: oportunidades de emprego, fugir da pobreza do país natal e estudar. Essas eram também as vontades de Ojemson Chery, 32 anos, que chegou à cidade há dois anos.
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Sem oportunidade de emprego na área de manutenção automotiva após o terremoto que dizimou o país em 2010, Chery optou pelo Brasil por acreditar que aqui ele poderia terminar seus estudos e trabalhar. Em dois anos, conseguiu um emprego em uma pizzaria e está nos seis meses finais de um curso técnico no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
– Quero concluir meu curso e trabalhar na minha área. Quem sabe fazer um curso mais intenso ou até cursar medicina, que gosto muito – afirmou Chery em um português carregado de sotaque.
Mas a decisão de estudar a 5,7 mil quilômetros de casa significou deixar quatro irmãos, uma tia e a namorada, Roselande Denis, 21 anos, por um tempo. Amigos desde criança na cidade de Gros Morne, no centro do Haiti, os dois começaram a namorar há cinco anos.
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A separação física foi apenas temporária. Neste domingo, depois de dois anos de conversas diárias por Skype, mensagens e telefone, os dois se reencontraram no abrigo da Assistência Social, no ginásio Carlos Alberto Campos, em São José.
Quando se viram, um abraço apertado e longo – e logo o início de novos planos. Roselande quer terminar o ensino médio, que não conseguiu concluir no Haiti. Além disso, vão se casar. Chery não perdeu tempo e foi nesta segunda-feira ao cartório para descobrir que documentação era necessária para oficializar seu relacionamento com Roselande.
– Faltam alguns documentos, como o visto permanente, que eu ainda não tenho. Mas estamos providenciando. Quero me casar com ela – conta.
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De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Samaes), mais ônibus são esperados em Florianópolis a partir dessa segunda-feira. Todas os haitianos que chegam são cadastrados no Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis e na Secretaria de Assistência Social. De acordo com o Samaes, apesar de mais de 400 haitianos terem chegado à Capital, nem metade deles ficaram por aqui. Muitos foram encaminhados para outras cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.