Um ousado casal de Florianópolis se aventurou em uma viagem nos continentes europeu e asiático. Para conhecer de perto a cultura desses locais, optaram por fazer a expedição de bike e há pouco menos de um ano partiram da Capital catarinense com destino à Paris, onde compraram duas bicicletas.

Continua depois da publicidade

Pedalaram por 12 mil quilômetros e conheceram 19 países. Tomaram um avião para retornar ao Brasil no fim do mês de abril, mas não pousaram diretamente em Santa Catarina. Preferiram descer em Recife, cidade nordestina de Pernambuco, de ondem seguem nas magrelas em direção à Ilha. Serão mais 5 mil quilômetros.

A expectativa é de chegar em casa em setembro. Na bagagem, o agrônomo e historiador Camilo Teixeira, de 27 anos, e sua namorada, a publicitária Renata Mazer, trazem histórias inusitadas, conhecimento sobre a forma que a bike é utilizada em diversos povos e um novo sonho: dar a volta ao mundo em duas rodas.

Como surgiu a ideia

Continua depois da publicidade

Foi em uma viagem de bicicleta para Ibirama, a 220 quilômetros de Florianópolis, que o casal teve a ideia de fazer a viagem pela Europa. Pesquisaram datas, países, clima, distâncias, tipo de bicicleta e equipamentos que precisariam, além de custos. Também se dedicaram a ler relatos de viajantes e o principal: guardar dinheiro por mais de dois anos. Em maio de 2012, Camilo concluiu o mestrado e a Renata saiu da loja onde trabalhava. Chegara a hora da grande pedalada.

Na França, casal passou por pontos turísticos, como o Castelo de Chambord

Foto: Arquivo Pessoal

Da Europa à Ásia

A passagem para Paris estava marcada para 28 de maio de 2012, com volta de Istambul – cidade turca situada entre o continente europeu e a Ásia – no dia 15 de novembro daquele ano. Mas, ao chegar em Istambul, decidiram continuar a aventura rumo ao Oriente e tomaram um avião até Bangkok, capital da Tailândia, onde pedalaram até a Malásia. Percorriam em média 70 quilômetros por dia. Em algumas ocasiões, chegaram a 120 quilômetros.

Muitas noites foram dormidas em barracas, em meio à natureza

Foto: Arquivo Pessoal

A relação da bicicleta

Cada país tem uma forma diferente de lidar com a bicicleta. Eles perceberam que existe uma relação direta entre o uso da bicicleta e a geografia do terreno. Nos países planos, as pessoas a utilizam como meio de transporte diário, como Holanda e a Alemanha, ondem observaram as pessoas com a bike para fazer compras, trabalhar, encontrar os amigos. Em regiões montanhosas, como a Croácia e Albânia, o casal viu poucos cidadãos de bicicleta. Renata e Camilo observam que no sudeste asiático, o uso da bicicleta ainda está relacionado ao status social. Segundo o casal, a cultura do carro e da moto é forte nessas sociedades e a utilização das duas rodas é vista como sinônimo de pobreza.

Continua depois da publicidade

– Claro que também existe o fato do apoio público, pois na Alemanha e Holanda existem faixas exclusivas para bicicleta e até mesmo circuitos com sinalização própria para elas e os motoristas respeitam os ciclistas. Diferente do Brasil, onde é comum ver carros estacionados em cima da ciclovia – relata Camilo.

O contato por meio da bike

O casal conheceu pessoas interessantes e lugares atraentes e exóticos. Segundo eles, a percepção ao estar de bicicleta é mais aguçada em relação a viajar com outros meios de transporte. Puderam ter uma aproximação maior com a cultura por meio dos sentidos, ao sentir o cheiro da vegetação, ouvir o canto dos pássaros, ver as rotinas diárias dos trabalhadores. A dificuldade com a língua foi um dos maiores desafios.

– Às vezes, um simples pedido de um copo de água pode se transformar em um exercício de paciência. Até mesmo o abanar a cabeça para cima e para baixo pode representar um não, ao contrario do sim que representa para nós – conta Renata.

Continua depois da publicidade

Restaurante de rua em Laos, na Ásia

Foto: Arquivo Pessoal

Alimentação

Continua depois da publicidade

A alimentação foi variada ao longo da viagem. Na Europa, as refeições foram bem familiares à brasileira: pão, queijo, iogurte, granola, macarrão, chocolate. Já na Ásia, houve um impacto inicial. Tiveram que se acostumar a comer arroz e noodles, as famosas massas chinesas, no café da manhã.