Já anoitecia a quarta-feira, quando um casal que descia o Morro do Cambirela cruzou com outro, acampado no topo de um dos mais altos picos do local. Pareciam apreensivos: queriam voltar para casa, mas tinham dificuldade na descida, por causa do chão escorregadio. Era 18h30min.
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– Se eu fosse vocês, ficava por aqui. É muito arriscado descer o Cambirela à noite – ouviram do casal acampado.
Mesmo assim, resolveram arriscar. Uma hora depois, pediriam socorro ao Corpo de Bombeiros. Começava aí uma maratona de resgates e incidentes que voltariam a atrair olhares para o morro, dois dias depois de ele estampar os noticiários pela neve que tingiu seu topo de branco.
>>Assista ao vídeo do momento do resgate:
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Foram dois resgates em menos de 12 horas. Em ambos, equipes inteiras do Grupo de Buscas e Salvamentos (GBS) foram mobilizadas para ajudar os dois casais que se conheceram sem querer no dia anterior. O primeiro ocorreu ainda na madrugada. Como já era noite, os agentes do GBS subiram a pé o morro para encontrá-los. Às 3h30min, começaram a descida até a base, em uma caminhada que levou cerca de seis horas. Ferido no tórax devido a uma queda, o homem foi atendido por uma ambulância e liberado em seguida.
O atendimento ainda era feito quando o segundo casal pediu ajuda. Às 11h30min, outros três agentes voltavam a escalar o morro, com ajuda do helicóptero Arcanjo, que os buscou lá do alto. Três horas depois já estavam na base do Cambirela.
Os bombeiros seguem em alerta. Na terça de manhã, avisado do grande número de pessoas que seguiam rumo ao topo por causa da neve, o comandante de operações aéreas dos bombeiros, major Diogo Losso, chegou a sobrevoar as principais trilhas do local. Não avistou nada, mas ficou de sobreaviso.
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– O morro é formado por várias trilhas, muitas delas de difícil acesso. Alguns caminhos passam pelo meio da água, enquanto outros têm subidas, descidas, pedras escorregadias ou mato fechado. O local é traiçoeiro. Não dá para ir sem acompanhamento – alerta o comandante do GBS, tenente Bruno Lisboa.
Segundo o biólogo Alair de Souza, ex-gerente do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, as trilhas do local não são regulamentadas e, por isso, não há sinalização nem caminhos delimitados.
– Eu mesmo já subi o Cambirela várias vezes e ainda preciso levar o GPS comigo para não errar o caminho nas bifurcações.
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