Um incêndio na noite de sexta-feira (13) atingiu um exemplar da história de Joinville. Por volta das 19h, os bombeiros foram chamados para atendimento no número 551 da Rua Ottokar Doerffel, no Anita Garibaldi. A corporação usou nove mil litros de água para controlar as chamas que resultaram em “perda total” do imóvel, segundo os Bombeiros Voluntários.
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A casa é protegida por lei e está incluída no Inventário de Patrimônio Cultural de Joinville (IPCJ). A proteção se deve pelo valor histórico da construção, edificada com uso da técnica enxaimel por volta de 1950.
Veja fotos da casa
A técnica era amplamente difundida na Europa e chegou a Joinville por conta da vinda dos imigrantes a partir de 1850. Consiste na forma da construção na qual “as paredes são estruturadas por um tamanho de madeira aparelhada em que as peças horizontais, verticais e inclinadas são encaixadas entre si e cujos tramos são posteriormente preenchidos com taipa, adobe, pedra, tijolos, etc”, conforme descreve a publicação “Mapeamento da arquitetura rural com técnica enxaimel em Joinville”, coordenada pela arquiteta Anne Soto.
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O incêndio comoveu Anne Soto, que na noite de sábado (14) publicou um vídeo nas redes sociais.
— Eu fiquei tão triste e achei necessário fazer esse vídeo. Esse mestre carpinteiro é o último que a gente tem conhecimento, que utilizou essa técnica construtiva aqui na nossa cidade. E durante o mapeamento da arquitetura rural com técnica enxaimel, fizemos uma entrevista com seu sobrinho, com várias informações sobre a vida dele, sobre a localização das casas que ele construiu. Certamente uma delas era esta que pegou fogo — afirmou Anne. Ela se refere ao senhor Henrique Baechtold, que foi entrevistado pelo Jornal A Notícia em 1988.
O trabalho de pesquisa coordenado por Anne destaca que os exemplares preservados em Joinville são únicos no mundo, porque a técnica enxaimel utilizada aqui, desde a chegada dos imigrantes germânicos, ganhou contornos específicos dessa região.
— Ao chegarem ao Sul do Brasil, os imigrantes adaptaram seu conhecimento prévio às condições existentes, ao clima local e aos materiais que estavam disponíveis, formando uma parte do que chamamos arquitetura popular teuto-brasileira. Uma arquitetura, portanto, que só existe na nossa região com estas características. Cada casa enxaimel é única, portanto, com suas peculiaridades e características — explica.
Ainda não é possível saber as possibilidades de restauração da casa após o incêndio. Em casos como esse, a Comissão do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural do Município (Comphaan) faz uma inspeção no local afetado para documentação, o que deve ocorrer no início da semana.
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