Além de criar todo um enredo de falso sequestro para despistar a polícia, o casal apontado como responsável pelo assassinato da pequena Isabelly de Freitas, de 3 anos, limpou a cena do crime, uma casa em Indaial. A informação é do delegado do caso, Filipe Martins. Ainda conforme a investigação, a família já havia sido abordada pelo Conselho Tutelar por conta de uma denúncia anônima.
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A história começa na segunda-feira (4), quando o casal do bairro Rio Morto aciona a Polícia Militar porque a filha caçula da mulher supostamente sumiu enquanto a mãe lavava roupa. Buscas foram feitas no local, o padrasto saiu pedindo ajuda aos vizinhos, mas nenhuma pista foi encontrada.
O que a investigação já revelou é que naquela mesma tarde o casal levou o corpo da menina dentro de uma mala até um matagal às margens da BR-470. Eles teriam agredido a pequena até a morte e, ao perceber o que fizeram, tentaram se livrar do cadáver.
Além de enterrá-la em uma cova rasa, mãe e padrasto teriam limpado a cena do crime. Apesar disso, a perícia usou um reagente e conseguiu identificar uma enorme mancha de sangue no quarto, além de pequenas quantidades também na sala, cozinha e banheiro. Tudo foi coletado para comprovar se era o sangue da vítima ou não.
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Isabelly vivia na casa simples, em uma rua sem saída, com a mãe, o padrasto, o meio-irmão de sete anos e um amigo do casal. A família havia se mudado há cerca de duas semanas. Antes disso, estava em outro imóvel na mesma região. Lá, recebeu a primeira visita do Conselho Tutelar no final do ano passado.
Conforme a instituição, a denúncia era de que havia uma situação de violência doméstica entre o casal, que refletia nas crianças. Os encaminhamentos foram feitos e o Ministério Público (MP) foi informado. Já de acordo com o MP, a principal denúncia era de maus-tratos contra o menino mais velho. O Conselho teria feito recomendações ao casal, como estabelece o protocolo, mas houve certa resistência em cumpri-las. No mês passado, quando a família mudou de casa, a rede pública de proteção perdeu o contato. Os profissionais, então, teriam de localizá-la mais uma vez.
Mas não houve tempo.
O suposto sequestro terminou em morte e o casal foi preso temporariamente por 30 dias, enquanto as investigações continuam. O filho de sete anos está sob os cuidados do pai biológico, enquanto a menina foi sepultada em Ibirama, cidade das famílias paterna e materna dela. O pai de Isabelly está preso por tráfico de drogas, contou a Civil.
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Vizinhos ouviram brigas na casa
O delegado afirma que as histórias contadas por eles pareciam bastante ensaiadas. Ao ouvir os relatos de vizinhos, veio a informação de que na manhã de segunda (4) houve uma briga na residência. De imediato a situação levantou suspeita. O homem que morava com a família há duas semanas disse ter ouvido os choros da criança, mas afirmou não ter visto o que ocorreu de fato. A polícia, em princípio, descarta o envolvimento dele no crime.
Os agentes dizem que a criança sofreu espancamento até a morte. O padrasto confessou ter iniciado o ataque à pequena e depois a mulher teria participado também. Ela negou ter agredido a criança, apesar de familiares terem contado que ela era violenta com a filha.
Ao se darem conta da morte da menina, combinaram a história de suposto sequestro para tentar despistar a polícia. Chegaram a chamar um carro de aplicativo durante a tarde para que o veículo aparecesse na rua e os vizinhos vissem.
Isso, para a dupla, sustentaria a tese mentirosa. Entretanto, os agentes encontraram o motorista de aplicativo. O homem contou ter recebido um pedido de corrida para o endereço da família, foi ao local e esperou por cerca de cinco minutos. Mas como ninguém apareceu, ele desistiu do chamado. Ao longo daquela tarde, os vizinhos relatam que o casal saiu perguntando se alguém tinha visto a pequena, para tentar simular uma preocupação.
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Cães farejadores chegaram a ser mobilizados para procurá-la na área de vegetação ao lado da casa da família, considerando a possibilidade de Isabelly ter caído no barranco e se machucado. O corpo de Isabelly foi encontrado no início da noite de quarta (6), não muito longe da residência, mas no sentido aposto ao local onde os bombeiros a procuraram.
Agora, o inquérito tenta esclarecer agora se houve um homicídio ou um caso de tortura com resultado morte, cuja pena é ainda maior.
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