Os detalhes são os mesmos do início do século 20. As janelas e a porta principal são as originais que o imigrante alemão Augusto Rux colocou na casa que estava construindo onde hoje é o bairro Rio da Luz, em Jaraguá do Sul.

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A residência em estilo enxaimel agrada àqueles que vão até a localidade somente para vê-la. O problema está dentro. O forro está prejudicado e parte do telhado caiu com as fortes chuvas de 2009. Não demorou para surgir as primeiras infiltrações nas paredes do quarto principal e da sala.

A família Rux, que até hoje mantem a casa, não possui condições de reformá-la. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/ SC) está criando um projeto arquitetônico para uma nova restauração no imóvel. Os primeiros tijolos da Casa Rux foram levantados por volta de 1915, conta a agricultora Cristina Rux, de 55 anos.

O também agricultor Augusto Rux é bisavô do marido de Cristina, o atual proprietário do imóvel, Edvino Rux, 60. O casal morou por quase 30 anos no local.

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– Nossos filhos nasceram aqui. E meus sogros sempre moraram na casa. A gente tem muita lembrança. Mas agora não dá mais para ficar – lamenta a agricultora.

Há três anos, o casal e os filhos construíram uma nova residência ao lado, porque o imóvel do início do século 20 não tinha mais condições de abrigar a família. Os cupins e as infiltrações começaram a surgir ainda na década de 80, quando o local passou pela primeira grande reforma.

Em 1989, ela foi totalmente restaurada pela equipe técnica do Iphan. Anos depois, já em 2007, foi o primeiro imóvel tombado como Patrimônio Histórico pela instituição em Jaraguá do Sul.

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– Passei anos abrindo a casa para turistas, deixei de fazer o meu trabalho, parei tudo o que estava fazendo, somente para atendê-los. E nunca ganhei nada com isso. Infelizmente não temos condições de reformar a casa. Ela é muito velha, e o tempo está tomando conta – reclama Cristina Rux.

Ao percorrer o imóvel, é possível entender o por quê a família não consegue mais morar no local. Os cupins estão presentes em todos os cômodos, inclusive no assoalho. O telhado também representa perigo para quem visita.

– Não abrimos mais. Pode ocorrer um acidente e quem acabará responsabilizado somos nós – acredita Cristina.

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A sujeira também é grande. O pó e as teias de aranha dão ao local um aspecto até mesmo sombrio. A arquiteta e urbanista do Iphan, uma das responsáveis pelos projetos de restauração dos patrimônios catarinenses, Cristiane Galhardo Biazin, explica que o problema na Casa Rux já foi identificado pelos técnicos no ano de 2009. Um projeto de restauro foi iniciado e está em fase de conclusão.

– Quando estiver finalizado, entregaremos o projeto ao proprietário e à Prefeitura de Jaraguá para que possam decidir pela execução direta, através do proprietário, ou pela captação de recursos junto a leis de incentivo à cultura ou editais – explicou a arquiteta.

O valor da reforma também ainda não foi verificado.

– Se houver liberação do governo Federal, a obra será feita ainda este ano. Mas, não podemos garantir se ela será prioridade. Temos outros imóveis no Estado que esperam restauração – explicou a também arquiteta do Iphan, Bettina Solbaro.

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