Audiência de conciliação da Justiça Federal decidiu nesta semana que a futura Casa de Parto Natural terá como referência a Maternidade Carmela Dutra. A decisão se dá pela curta distância entre a maternidade, no centro de Florianópolis, e a futura Casa de Parto Natural, no terreno junto ao IFSC, na Avenida Mauro Ramos, também no centro. O critério distância entre a CPN e a maternidade é fundamental. Pode salvar uma vida. Aí é que está a questão. O projeto dependia de uma unidade hospitalar como referência para os casos emergenciais. E eles ocorrem. A entidades médicas apontam riscos na realização de parto fora do ambiente hospitalar. Para a mulher e para o bebê. Resolução do Conselho Regional de Medicina, do dia 29/08/19, proíbe a participação de médicos em partos planejados fora do ambiente hospitalar.

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Acesse a resolução do Conselho Regional de Medicina

O parto natural deve ser, de fato, uma escolha das gestantes saudáveis. Uma decisão da mulher. Entretanto, é preciso deixar claro de que há, sim, risco de se fazer um parto fora de um ambiente hospitalar. Num país desigual, com tanta dificuldade de recursos públicos e financiamento insuficiente para o SUS, o mais adequado e racional seria uma mobilização para qualificar a humanização dos hospitais e melhorar, ampliar, implementar e divulgar o procedimento de parto natural nos hospitais da rede.

Além de construir um novo prédio, colocar equipamentos, contratar profissionais, a Casa de Parto Natural precisará, ainda, de uma ambulância de prontidão na porta para os casos graves.

Em Santa Catarina, uma criança morreu porque não havia combustível na ambulância que a levasse do hospital de Mafra para Joinville, em 2017. Esse é o Brasil.

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O parto em casa, em ambientes humanizados é muito bonito quando dá tudo certo, e pode dar, é verdade. São inúmeros casos pelo Brasil e pelo mundo. Quanta gente, no passado, não nasceu na roça, em casa, com a parteira? E quantos morreram e não ficamos sabendo? Mas quando ocorre a necessidade de intervenção médica e hospitalar, os minutos perdidos até o atendimento podem comprometer uma vida.

Vale correr esse risco?