A textura das paredes até lembra a alvenaria – mas nesse caso é só fachada. A casa de 200 metros quadrados inaugurada ontem na Rua Harry Pofhal, ao lado do Instituto Senai de Tecnologia Ambiental, no bairro Escola Agrícola, em Blumenau, não é uma construção comum. Está mais perto de uma meta de moradia sustentável. Trata-se na verdade do primeiro protótipo nas Américas desenvolvido pelo instituto italiano Habitech Trento com apoio do Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon) e do Sistema Fiesc.
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O principal pilar da casa-conceito é o baixo impacto ambiental. A estrutura é construída com painéis pré-moldados de madeira renovável, tanto nas paredes quanto na laje. A construção é a seco, não utiliza água. O custo de mão de obra com o modelo também é menor que o convencional.
– O material de construção que hoje provoca menor impacto ambiental é a madeira. O cimento tem a pedreira, destruir a montanha, transportar e moer a pedra, fazer o pó, levar para a obra, misturar com a água, tudo isso é consumo de energia. A madeira está pronta. Evidentemente que há o controle tecnológico, que é a transferência de inteligência que eles vão trazer para cá – explica o engenheiro civil Amauri Alberto Buzzi, diretor do Sinduscon e professor da Furb que acompanhou o projeto.
Painéis fotovoltaicos na cobertura captam a luz solar para usá-la como fonte energética. O imóvel também dispensa o arcondicionado. As paredes preservam a temperatura e o teto conta com espécies de tubos com água que são aquecidos ou resfriados por meio de uma bomba de calor, com um comando eletrônico, garantindo conforto térmico com economia de energia.
Espaço vai unir empresas e universidade
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O interior da casa possui três salas amplas que serão usadas como laboratório para reuniões de empresários do setor de construção e aulas de acadêmicos de cursos como Arquitetura e Urbanismo. Nesses dois públicos está parte do foco do projeto Habitech, que pretende estimular a discussão sobre novos conceitos modernos e sustentáveis. Outro objetivo é viabilizar um modelo de menor impacto e menor custo para a produção.
Os materiais utilizados na montagem da casa, feita em duas semanas, vieram em contêineres da Europa. O investimento total no imóvel foi de cerca de 1 milhão de euros. No país de origem o modelo representa uma economia média de 14% em comparação com a construção convencional. A intenção é, aos poucos, encontrar parceiros para produzir aqui os materiais aplicados, com ajustes, como o tipo de madeira usado. Com isso, a ideia é permitir a adoção deste modelo de construção de menos custos e menos impacto também do lado de cá do Atlântico, tanto para casas como também para prédios – a estrutura erguida na Escola Agrícola pode suportar até seis andares.
– A madeira, depois de aplicada, é preciso proteger, não tem milagre. Ela tem que ser protegida da umidade do chão, da lateral. Mas você tem uma parede pronta. A durabilidade é muito alta, com um impacto bem menor porque essa madeira você repõe na floresta, é renovável. É uma agregação nobre de valor à madeira – defende Buzzi.
As inovações
– Erguida com painéis pré-moldados de madeira renovável
– Construção a seco, sem uso de água
– Cobertura com painéis fotovoltaicos, que captam luz solar e geram energia elétrica
– Climatização por meio de tubos de água aquecidos ou resfriados por comando eletrônico, dispensando ar-condicionado
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– Conceito Greenbuild Business, que integra baixo impacto ambiental, alto conforto e produção de energia