O design traduz como era a vida na cidade há 150 anos, quando a energia elétrica ainda não existia. A louça de porcelana branca e o jogo de taças vermelhas de cristal guardados em armários com vidro mostram que nem o tempo e os desastres naturais foram capazes de deteriorar os pertences da família.
Continua depois da publicidade
A diretora do departamento histórico e museológico da Fundação Cultural de Blumenau, Sueli Petry, lembra que a história não foi feita só de momentos bons. Vítima das enchentes que assolaram Blumenau, a residência dos Gaertner passou por cinco delas, incluindo a de 1983 quando a água atingiu a marca de 1,5 metro dentro da casa.
:: Faça uma visita virtual pela casa da família Gaertner
:: Edith Gaertner doou a casa da família à prefeitura de Blumenau
Continua depois da publicidade
Por 23 anos, Karin Hoffmann, 58, foi funcionária do Museu da Família Colonial _ que funciona no local desde 1967 _ e presenciou a tragédia. Hoje, aposentada, ela lembra dos momentos vivenciados:
– Foi muito difícil aquele dia. Não parava de chover e graças a ajuda do Exército e da dona Sueli conseguimos levantar os móveis e salvar alguns objetos. Quando voltamos estava tudo sujo, com muita lama, mas o que mais me marcou foi encontrar todos os armários em pé. Eles deveriam ter virado com aquela quantidade de água, mas foi incrível, nenhuma louça se quebrou, nenhum armário virou. Senti como se alguém os estivesse segurando na hora da enchente.
Construída por Victor Gaertner, sobrinho de Dr. Hermann Blumenau, a morada erguida sob um lote colonial segue à risca o estilo enxaimel, no qual tijolos maciços preenchem a estrutura de madeira em uma das extremidades do terreno de 1.775 metros quadrados. Em meio a um tempo em que a sociedade se adaptava à constante evolução, a casa da família Gaertner não sobreviveu só ao tempo, mas também exala memórias vividas pela matriarca Rose Sametzki e sua prole.
Continua depois da publicidade
As paredes, os quadros e a mobília proporcionam _ graças à caçula Edith Gaertner, que em 1950 doou a propriedade em usufruto à prefeitura de Blumenau _ o resgate não só de um período histórico, mas também do estilo de vida de uma mulher à frente de sua época. Para o presidente da Fundação Cultural da cidade, Sylvio Zimmermann, a construção é uma referência nacional:
– Este é o primeiro museu no Brasil que conta com apoio de audioguias em português, inglês, alemão e libras para os visitantes.
Confira a linha do tempo da família Gaertner (clique para ampliar):
Foto: Reprodução