A Polícia Civil de São Paulo realiza na tarde desta quarta-feira (20) um mandado de busca e apreensão em uma residência abandonada. A operação faz parte de um inquérito que investiga um possível abandono de incapaz tendo como vítima Margarida Bonetti.

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De acordo com os policiais, a mulher se recusou a abrir a porta do imóvel e, por isso, eles arrombaram uma janela para conseguir entrar. Já lá dentro, ela teria oferecido resistência física e tetando agredir os agentes. Vizinhos tinham afirmado mais cedo que ela não estava no local.

Policiais descreveram o interior da casa como insalubre e afirmaram que o local está cheio de lixo, restos de comida e com cheiro forte de coisas estragadas. Eles encontraram um cachorro embaixo de um móvel e o retiraram do local.

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Os policiais afirmam que operação tem como objetivo proteger Margarida Bonetti e que a presença dela dentro da casa, nas condições de higiene encontradas durante a operação, apresentavam riscos.

A concessionária de energia Enel afirmou que não há contas de luz pendentes. A companhia disse que vai verificar sobre a validade dos registros e da medição.

Mais de cem pessoas se aglomeram na frente da casa durante a operação. Algumas pessoas gritam xingamentos contra Margarida.

A investigação policial teve início depois que vizinhos do imóvel em Higienópolis (no centro de São Paulo) ligaram para diversas delegacias afirmando que uma pessoa que apresentava problemas de saúde mental estava no local e precisava de ajuda.

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O procedimento foi aberto no início de julho, depois que os primeiros episódios do podcast já tinham sido publicados.

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O delegado Marcelo Palhares, do 4º DP (Consolação), afirmou que a polícia quer saber “se as condições de habitar a casa são dignas”. Segundo ele, familiares de Margarida podem ser responsabilizados por abandono de incapaz.

A residência e a mulher são retratadas pelo podcast A Mulher da Casa Abandonada, da Folha de S.Paulo. Segundo a reportagem em áudio, Margarida é suspeita de ter mantido por quase 20 anos nos Estados Unidos uma empregada doméstica em condição análoga à escravidão. Quando o caso ainda estava sendo investigado por autoridades americanas, no final dos anos 1990, ela deixou o país, retornou ao Brasil e passou a morar na casa de sua família em Higienópolis.

O imóvel se encontra em condições de deterioração, com telhas quebradas, rachaduras e pintura corroída pelo tempo.

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Na frente da casa, o jardim também se encontra em condições de abandono, e há casas de cachorro vazias na varanda. Margarida ficou conhecida na região por usar um creme branco no rosto sempre que deixa a casa.

O imóvel atualmente é alvo de uma disputa na Justiça entre os herdeiros, incluindo Margarida.

No último episódio da série, publicado nesta quarta, ela se defende da acusação de ter mantido a empregada em condições análogas a escravidão: diz que elas dividiam a casa na condição de amigas e também afirma que passava a maior parte do ano no Brasil, distante tanto de seu marido como da mulher.

*Reportagem de Gustavo Fioratti