O DC resgatou na edição do último domingo a história dos jogadores do Figueirense campeões da Copa São Paulo de juniores em 2008. A reportagem mostrou que a grande maioria não foi aproveitada pelo clube e alguns sequer seguiram a carreira no futebol profissional. Nesta segunda-feira, os dirigentes do Alvinegro à época explicam os motivos do não-aproveitamento do grupo e seis atletas contam o caminho que tomaram após o título.
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A diretoria do Figueirense em 2008 teve muitas dificuldades para renovar os contratos dos atletas campeões da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Os jogadores tiveram um grande assédio e as negociações foram árduas.
O então diretor superintendente da Figueirense Participações, Thiago D’Ivanenko, explicou que as reuniões eram tensas e que teve atleta que pediu mais de R$ 20 mil para renovar.
– O resultado foi muito bom, mas foi ruim por um lado. A gente se sentiu pressionado. E fomos obrigados fazer contratos que foram um risco, porque o jogador poderia não dar certo. Mas se não fizéssemos, poderíamos perder esses atletas, que eram grande promessas. Foi complicado – lembra D’Ivanenko.
Sobre o lateral-direito Júlio César, que na edição de ontem do Diário Catarinense disse ter tido um desentendimento com D’Ivanenko, o ex-dirigente diz não recordar de ter tido algum problema com o jogador.
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Já o ex-presidente Norton Boppré garantiu que não são verdadeiras as afirmações de Rogério Micale, técnico campeão da Copinha pelo Furacão, de que o clube não deu apoio aos garotos antes da competição, em São Paulo. O ex-presidente também desmentiu que o clube tenha descontou o dinheiro das passagens de avião de volta para Florianópolis da premiação do atletas.
– Essa história que teve que descontar da premiação para voltar de avião é uma inverdade. O moço deve estar descontente com alguma coisa. Em 10 anos de gestão, foram seis campeonatos catarinenses na categoria profissional. Na base, passamos de 50 títulos. Isso é prova de que a diretoria deu atenção à categoria de base – explicou Boppré.
Assédio dificultou as renovações
Ser campeão da Copa São Paulo é um marco para o Figueirense, único time catarinense a vencer a competição, mas o assédio após o título dificultou muito a evolução dos jogadores no clube. O primeiro impasse foi a negociação para renovar os contratos. Teve atleta que pediu um carro para continuar no clube. Para um time que não é de ponta, detalhes como esse dificultaram as negociações.
– Wagner Ribeiro (empresário de Robinho) e outros empresário ficaram de olho nesses jogadores. Então, teve muito jogador que acertou com empresário de fora e que na hora de renovar apertou o Figueirense – disse Thiago D’Ivanenko.
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Segundo D’Ivanenko, o Figueira investia R$ 250 mil por mês naquela época em todas as categorias de base alvinegra. No mesmo ano, o time profissional foi rebaixado para a Série B, o que prejudicou o orçamento do clube.
Leia o depoimento de alguns atletas da equipe do título
LUIZ EDUARDO
Zagueiro, sem clube
Aquele título foi muito importante para todos atletas que estavam lá. Ninguém, além de nós, acreditava que poderíamos chegar tão longe. Nosso trabalho foi de campeão desde o começo. Em dezembro na nossa preparação era tudo muito sério, todos comprometidos no trabalho e nada nos tirava o foco da competição. Ao longo da copa nosso grupo cresceu ainda mais, principalmente com a derrota na primeira fase, porque acabamos ficando ainda mais unidos e a nossa confiança para fazer qualquer jogada era muito grande. A partir daí, cada jogo se tornou uma final, não tinha bola perdida, todos dando 100%, tinha muita alegria. O título foi inesquecível, até hoje lembro de cada momento. Esse ano completará cinco anos dessa conquista e tenho certeza que seremos lembrados pelo clube, sempre.
LUIS CARLOS
Meia do Deportivo Cinfães de Portugal
Eu saí do Figueirense porque tive uma proposta de fazer testes no Porto, em Portugal. Então rescindi meu contrato que tinha com o Figueira, que ainda faltava um ano e meio para terminar, mas essa oportunidade me pareceu interessante, principalmente para o meu futuro. Mas, o título foi maravilhoso. É algo que não esqueço, pois é um título que muitos jovens no Brasil sonham em conquistar e nós conseguimos com muito trabalho. O nosso grupo era muito decidido e forte. Sabíamos aquilo que queríamos e que não era impossível conquistar a Copinha.
MARCELO
Atacante do Londrina-PR
Aquele título foi mais que uma realização de um sonho. Eu sempre sonhei em jogar essa competição e consegui jogar duas vezes pelo Figueirense, 2007 e 2008. Até hoje aquele foi o título mais importante pra mim. Nós fomos campeões porque não tínhamos nenhuma vaidade, todos os jogadores sabiam o que queriam. Nós sonhávamos em jogar a decisão, sonhávamos em fazer história. O Figueirense não tinha, até aquele momento, nenhum jogo da Taça São Paulo televisionado e nosso primeiro objetivo era esse, passar da primeira fase e ter um jogo televisionado. Depois desse objetivo alcançado o próximo objetivo era passar das quartas de finais que era até onde o clube tinha chego também. Depois que conseguimos chegar a semifinal sabíamos que estamos próximos de fazer história.
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RICARDO
Volante do Figueirense
Eu saí do Figueirense por não ter muitas oportunidades. Na verdade fui emprestado em 2010, desde então sempre estou sendo emprestado. Mas, ainda tenho contrato com o clube até dezembro deste ano. Estive nos últimos seis meses em El Salvador. Meu empréstimo acabou em dezembro e estou de volta. Mas, o título foi muito importante, por se tratar na época o maior título de base do país e o único time do estado a ter conquistado. Aquele título foi muito merecido, pois tínhamos trabalhado muito para conquistar e ter um reconhecimento dentro do clube.
GUSTAVO
Goleiro do Mirassol-SP
Eu estava emprestado ao Figueirense, na hora de renovar acabou não dando certo e a Ponte Preta queria me comprar e assim foi. Fiquei por três anos, até o final de 2012. Mas, o título da Copinha foi muito importante na minha vida. Goleiro menos vazado. A equipe era muito unida e ganhamos esse título pela nossa união. Todos com o mesmo pensamento de sair com o título. O Figueirense foi um clube especial, sonho em um dia voltar a defender a camisa do Figueirense.
RAFHAEL
Zagueiro do Figueirense
Foi uma época muito boa da minha vida, porque eu tinha apenas um ano de clube e tive essa oportunidade de disputar a Copa São Paulo. A experiência foi boa. A gente era treinado pelo Hemerson Maria e o Micale pegou o nosso grupo e fez a gente amadurecer bastante. A nossa conquista tem que ser valorizada por ser uma competição nacional. A gente acreditava no nosso potencial, mas havia muita gente que não, por isso a gente se fechou. Nosso primeiro objetivo era passar de fase, conseguimos e depois de passar a semifinal do São Paulo a gente tinha certeza que poderíamos ser campeões.