Uma carta apreendida pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira, em Criciúma, revela que mais uma vez facções criminosas que agem de dentro das cadeias estão por trás de atentados a ônibus em Santa Catarina. Os bandidos falam em covardia no sistema prisional e nas ruas e fazem ameaças a policiais.

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Diferentemente das ondas de ataques em novembro e fevereiro, a polícia age rápido desta vez. Apenas dois dias depois do ônibus ser incendiado em Criciúma, a investigação policial conseguiu levar à prisão três pessoas, entre elas uma mulher suspeita de ser a mandante do atentado.

A mulher chama-se Ana Paula Machado, 28 anos, que tinha mandado de prisão preventiva decretada acusada de ser mandante do assassinato de Tiago Florentino de Oliveira, o Gão, no dia 9 de maio deste ano, em Criciúma. O motivo seria dívida de droga.

Ana Paula, conforme a Polícia Civil, é mulher do preso Jonatan Luan de Souza, o Salame, integrante de facção criminosa e supostamente envolvido com o tráfico de drogas no Bairro Progresso.

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A ação é da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Criciúma. Também foi preso Alaor Rodrigo Tomaz Júnior, 18 anos, que teria confessado o incêndio ao ônibus.

O delegado da DIC de Criciúma, André Milanese, afirma que o rapaz alega que praticou o crime por vingança a supostas agressões por policiais militares. Um adolescente de 16 anos também foi apreendido. Os presos serão indiciados por incêndio, dano, porte de arma e formação de quadrilha.

Desde segunda-feira, há pelo menos sete episódios com suspeita de serem atentados em Santa Catarina. Entre eles, há três ônibus incendiados, em São José, Criciúma e Joinville. Desde o começo do ano, 46 ônibus foram queimados no Estado por criminosos.

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Associação entre PGC e Comando Vermelho

A carta, assinada pelo Primeiro Grupo Catarinense e Comando Vermelho, foi apreendida na casa de Ana Paula.

Ela reforça uma realidade mostrada pelo Diário Catarinense em abril deste ano na série de reportagens A Máfia das Cadeias, da aliança formada no passada entre a facção catarinense e o Comando Vermelho, organização criminosa do Rio de Janeiro que domina os morros cariocas desde a década de 1970.

Entrevista: André Milanese, delegado em Criciúma.

Diário Catarinense – Como a polícia chegou a esses suspeitos?

André Milanese – Desde a noite do atentado ao ônibus (quarta-feira) obtivemos telefonemas para o disque-denúncia (181). No ônibus havia 25 pessoas e um dos autores estava sem máscara e foi reconhecido.

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DC – Foi apurado a motivação do atentado?

Milanese – Eles dizem que a motivação é ligada ao sistema prisional assim como das outras vezes, a mando da facção PGC. Um dos presos afirmou que seria por vingança a ação da Polícia Militar.

DC – Qual a dimensão da ação dessas facções em Criciúma?

Milanese – Atuam em crimes e principalmente o tráfico de drogas.