Não são somente a gasolina e o diesel que estão mais caros no Brasil. O preço dos automóveis também passa por uma transformação no último ano, com impacto inclusive nas vendas de concessionárias e revendas de Santa Catarina.
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A crise na oferta de carros novos fez a venda de modelos zero quilômetro cair 3% no acumulado de janeiro a outubro de 2021 em comparação ao mesmo período de 2020. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores de Santa Catarina (Fenabrave) e consideram as vendas de automóveis e comerciais leves, como picapes e furgões.
O principal motivo é a chamada crise dos semicondutores, componente usado na fabricação de chips usados em aparelhos eletrônicos e também em automóveis, e que está em falta desde o ano passado. O problema fez montadoras pararem a produção de carros novos, o que causou escassez de modelos novos a serem vendidos em concessionárias.
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Com menos oferta de carros zero, os compradores que precisavam de veículos recorreram aos seminovos e usados. Automóveis deste grupo tiveram aumento de 15,5% nas vendas ao longo de 2021, em Santa Catarina. Nem mesmo a queda registrada no mês de outubro impactou no resultado do acumulado do ano.
Proporcionalmente, a relação deve chegar este ano a um carro novo vendido para cada 7 usados no país – antes da pandemia, essa conta costumava ser de 1 para 4, segundo empresários do setor de seminovos.
Modelo seminovo se valorizou em R$ 30 mil
Tanto interesse repentino nos carros seminovos e a dificuldade na compra de modelos 0km fez os valores dispararem. Modelo mais vendido do Brasil entre 2015 e 2021, o Chevrolet Ônix, modelo LT 1.0 ano 2019, chegou a custar R$ 39 mil em setembro de 2020 segundo a tabela Fipe, referência para os preços de veículos. No entanto, depois daquele mês engatou uma subida e já custa R$ 53,8 mil – quase R$ 15 mil a mais, ou 38%.
Os aumentos também chegaram aos veículos maiores, como os SUVs. O Volkswagen Tiguan modelo 1.4, modelo 2019, passou de R$ 118,5 mil para R$ 148,7 mil entre outubro de 2020 e novembro de 2021 – R$ 30 mil a mais, ou 25% de valorização.
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Esses valores são os da tabela Fipe. Nas negociações, no entanto, é comum que os preços praticados sejam até superiores, já que o indicador é apenas uma referência para as vendas. O preço final pode variar conforme a quilometragem, a cor ou o estado.
Veja como foram as vendas de carros em SC em 2020 e 2021
Venda de carros novos e usados em SC
https://www.datawrapper.de/_/qErpe
Valorização maior que poupança
A queda na venda de carros novos afeta também os estoques dos seminovos, já que entram menos carros em negociações de troca para serem revendidos. O presidente da Associação dos Revendedores de Veículos de SC (Assovesc), Ambrósio Mafra Neto, confirme que o preço dos seminovos subiu consideravelmente, puxado pela escassez dos carros 0km.
– Em muitos casos quem tem um seminovo teve uma valorização maior que ter o dinheiro guardado – compara.
Mafra Neto conta que em SC o setor de seminovos e usados deve confirmar o crescimento de 15% sobre 2020, uma base menor devido ao ano da pandemia.
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– Comparado a 2019, vai chegar praticamente aos mesmos números, o que é excelente – conta.
Veículos pesados compensam perda entre os novos
Os números de vendas de 0km e seminovos leva em conta apenas o segmento de automóveis e comerciais leves. Na soma de todos os veículos, incluindo motos, ônibus, caminhões e até implementos rodoviários (carrocerias e componentes de caminhão para cargas), o mercado de seminovos e usados repete o desempenho positivo de 15% a mais nas vendas, segundo dados da Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Já os 0km passam a somar uma alta de 8% em SC, mas impulsionados principalmente por caminhões e implementos rodoviários, que tiveram mais de 50% de alta nas vendas em 2021.
O diretor regional da Fenabrave na Grande Florianópolis, Marcos Paulo Marcílio, diz que as concessionárias ainda sentem o impacto da falta de semicondutores, e que há também um agravante. É o transporte marítimo, que se tornou mais lento e mais caro devido à demanda mundial e a medidas como a necessidade de quarentena em alguns países durante o trajeto. Isso atrasaria a entrega de componentes para as montadoras.
Ele explica que hoje clientes que querem versões ou cores específicas precisam esperar em fila de espera para receber um carro zero.
Como a venda de carros novos está muito associada ao crédito, e o país enfrenta um momento econômico delicado, Marcos Paulo diz que a situação atual ainda pode durar por mais tempo.
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– Não acredito em uma redução de preço em um curto espaço de tempo – projeta.
NÚMEROS ENTRE 2020 E 2021
Venda de automóveis e comerciais leves seminovos + usados: +15,5%
Venda de automóveis e comerciais leves zero km: -3,4%
Venda de veículos seminovos + usados: +15,6%
Venda de veículos zero km: +8,8%
* Os dados de veículos incluem carros, comerciais leves, motos, ônibus, caminhões e implemenos rodoviários.
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