Comprar um automóvel novo deverá custar de 1,1% a 2,2% mais caro a partir de janeiro, em decorrência da elevação nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) determinada pelo governo federal na véspera do Natal. Previsto há meses pelo Ministério da Fazenda, o aumento da alíquota oscila de um a dois pontos percentuais – dependendo da potência do motor dos veículos.

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A atual fórmula de redução no IPI dos carros está em vigor desde maio de 2012, para estimular a indústria automotiva e aumentar o consumo. No início, os automóveis 1.0 chegaram a ter alíquota zero, mas o governo decidiu elevar gradualmente o imposto. A que entra em vigor em janeiro é a segunda rodada dessa recomposição. A primeira ocorreu em janeiro de 2013.

Na quarta-feira, ao comentar os novos percentuais do IPI, o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos e da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Sincodiv/Fenabrave) no Estado, Fernando Esbroglio, confirmou que os preços irão subir, como consequência do repasse do imposto.

– O consumidor vai pagar mais – avisa Esbroglio.

O reajuste valerá para os carros fabricados a partir de janeiro. Hugo Pinto Ribeiro, diretor de uma revenda de Porto Alegre, destaca que os estoques atuais serão vendidos ainda com o IPI antigo. O empresário aposta que as revendas deverão entrar por algumas semanas em 2014 ainda com veículos deste ano.

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– Devem ser vendidos sem aumento de imposto até terminarem os estoques – informa o revendedor.

Ribeiro considera que o reajuste no IPI não provocará aumentos descabidos no preço final, nem deverá afetar de forma drástica as vendas do setor. Exemplificou que um carro de R$ 30 mil, se for comprado em 36 meses, terá um acréscimo de R$ 12 em cada parcela.

– O governo procedeu bem. Houve aumento mínimo no IPI sem prejudicar o mercado – avalia o empresário.

Estoques estão abaixo da média

Para quem planeja trocar de carro meio logo, Esbroglio sugere que o melhor momento é agora, porque existem modelos com IPI antigo, embora os estoques já estejam abaixo da média. Ribeiro diz que sua empresa, a Guaibacar, trabalha, em média, com 500 automóveis no estoque. No entanto, devido ao movimento acentuado antes do Natal, deverá virar o ano com 200 unidades.

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– A partir de 2 de janeiro iremos reavaliar o estoque remanescente – avisa Ribeiro.

O impacto da elevação nos preços dos carros deverá se refletir na inflação a partir da segunda quinzena de janeiro. O coordenador do escritório do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) em Porto Alegre, Marcio Fernando Mendes da Silva, diz que o efeito dependerá do repasse do novo IPI pelas montadoras.

Montadoras temem queda nas vendas com a elevação

A recomposição parcial no quadro de alíquotas do IPI feita pelo governo federal superou as expectativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O presidente da entidade, Luiz Moan, alerta que o adicional de um ponto percentual no imposto para os carros populares poderá afetar as vendas.

Assim que a elevação de alíquotas foi publicada no Diário Oficial, na terça-feira, matemáticos da Anfavea calcularam o impacto no preço dos carros que serão produzidos a partir de janeiro. Deverá oscilar entre 1,1% (motor 1.0) e 2,2% (2.0 a gasolina).

– É importante lembrar que um ponto percentual no IPI, no caso dos populares, representa o acumulado de dois meses de inflação – observa Moan, ao justificar o 1,1% de aumento no preço final.

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A Anfavea informou que, de maio de 2012 até novembro deste ano, a indústria automobilística deixou de recolher pouco mais de R$ 4,9 bilhões com a redução de IPI. Em compensação, gerou receita de R$ 11,6 bilhões em outros impostos, além de fabricar 1,3 milhão de carros a mais e gerar 10 mil empregos.

De parte do governo, o plano é aumentar a arrecadação de IPI em R$ 1,1 bilhão, até a primeira metade de 2014. O Ministério da Fazenda avalia que não haverá impacto sobre a inflação nem demissões no setor automotivo.

Móveis também ficarão mais caros

A elevação de 0,5 ponto percentual na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis, painéis e laminados também pesará no bolso do consumidor. O presidente da Associação das Indústrias de Móveis no Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan, prevê que o reajuste tributário trará dificuldades ao setor.

– Por pouco que seja, o consumidor sente – observa o dirigente.

Cansan anuncia que tentará negociar com o governo federal antes de julho de 2014, quando deverá ser restabelecida a alíquota plena de 5% do IPI dos móveis. A intenção é demonstrar que a redução no tributo aumentou a produção e a geração de trabalho.

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– Somos 2,7 mil empresas no Estado, a maioria estabelecida na Serra, que geram 45 mil empregos – ressalta Cansan.

O dirigente da Movergs diz que os empresários irão ajustar os preços ao novo IPI a partir de janeiro, quando termina o período de férias coletivas observado em 90% das fábricas no Estado.