Um grande susto, talvez o maior de uma vida. É assim que a família de Alexandre Eggert encara o acidente que viveram na manhã de terça-feira, quando o carro em que estavam caiu numa cratera aberta pela chuva na estrada Guamiranga, na altura da comunidade São Miguel, limite das cidades de Guaramirim e Araquari.

Continua depois da publicidade

Por volta das 5h, Alexandre acordou em sua casa, na localidade Lagoa do Itaum, em Araquari, para levar sua mulher Tereza da Rosa e o filho Rodrigo da Rosa Ferreira até a rodoviária de Guaramirim. Eles tinham passagens para Curitiba, onde Tereza ia visitar uma sobrinha.

Os viajantes tiveram que arrumar suas coisas no escuro, pois a região estava sem luz desde a madrugada. Tereza já tinha percebido isso por volta das 2h, quando se levantou para ir ao banheiro. Nada que causasse preocupação, afinal com a chuva forte que caiu durante toda a noite seria comum que tivesse acontecido algum problema na rede elétrica.

Quando saíram de casa, às 5h30, o dia ainda estava querendo amanhecer. Além da escuridão, Alexandre tinha que enfrentar a chuva para guiar seu Ford Del Rey pela estrada de terra. Eles não tinham andado nem oito quilômetros quando a estrada simplesmente sumiu na frente do carro.

Alexandre ainda tentou frear, mas não conseguiu evitar que o veículo caísse de bico na cratera formada pela chuva e depois capotasse, parando de cabeça para baixo no barro do deslizamento.

Continua depois da publicidade

Tereza conta que não pensou em nada, apenas lembra que só não desmaiou porque ouvia o marido dizendo: “meu deus, o que eu fiz.” No banco de trás, o menino gritava “mãe, meu braço está quebrado.” Por um momento Tereza pensou que eles tinham caído no rio Itapocu, que acompanha o trajeto da estrada.

Com a força do impacto a janela lateral do lado do motorista quebrou. Foi por ali que eles conseguiram sair, já que as portas ficaram emperradas. Primeiro saiu Alexandre e depois Rodrigo.

Tereza teve mais dificuldade para sair e contou com a ajuda do filho. Já fora do carro, Tereza lembra que o menino se deitou e disse: “mãe, agora eu vou dormir.” Ela se lembrou na hora de suas aulas de auto-escola, onde diziam que em situações de risco as pessoas devem permanecer acordadas e não deixou o menino dormir.

– Rodrigo, eu preciso da tua ajuda, a mãe está passando mal – disse. O menino foi o primeiro a escalar o barranco e ainda ajudou os mais velhos, que a essa altura sentiam fortes dores no peito. A família atravessou uma lavoura de arroz e conseguiu chegar ao outro lado da estrada, onde ainda caminharam mais de um quilômetro até conseguir ajuda em um bar.

Continua depois da publicidade

Lá eles chamaram os bombeiros e tomaram o caminho até o Hospital Santo Antônio, em Guaramirim.

Dia de voltar para casa

Um dia depois do acidente, a família ainda estava assustada. Eles ficaram na casa de parentes, pois só saíram do hospital no fim da tarde de terça-feira. Nenhum deles teve ferimentos graves.

O comentário de todos era que os passageiros do carro tiveram sorte, principalmente porque o local do deslizamento ainda não estava tomado pela água do rio Itapocu, o que viria a acontecer apenas algumas horas depois.

– Se tivesse entrado água seria muito mais difícil sair e a gente poderia ter morrido afogado – diz Alexandre Eggert. Eles voltaram ao local do acidente na quinta-feira, onde o Del Rey ainda está encoberto pela água, apenas com as quatro rodas visíveis. Há menos de um ano ele tinha feito uma reforma geral no carro, inclusive com um motor novo, que custou R$ 2,8 mil.

Mesmo tendo perdido o carro e sem saber como tirá-lo do buraco, a maior preocupação de Alexandre no momento não é com o veículo. O que ele quer é que a Celesc consiga restabelecer logo a energia elétrica, que foi interrompida porque um poste caiu junto com a estrada.

Continua depois da publicidade

Alexandre precisa dela para alimentar os freezers onde guarda parte da produção da sua propriedade rural. Os técnicos trabalham constantemente na busca de uma alternativa para fazer a passagem da eletricidade, mas não deram uma previsão de quando ela pode voltar. Porém, os prejuízos são poucos perto do que podia ter acontecido.

– Pelo menos estamos todos aqui – disse Tereza.