Carolina Luisa Vieira contou como interagiu com o sequestrador Moises Thiago Santos de Queiroz, de 22 anos. A engenheira foi rendida por volta do meio-dia de sexta-feira, (25) no estacionamento do prédio da Arquitetura, na UFSC.
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O sequestrador fez saques com a vítima, abasteceu o veículo e rumou para o Paraná. Carolina foi liberada 11 horas mais tarde no aeroporto de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, depois de convencê-lo a devolver o cartão de crédito, com o qual fez a compra da passagem, e o telefone celular.
Ela retornou a Florianópolis de avião por volta de 1h30min.
Abaixo, trechos do relato de Carolina:
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Desde o início ele disse que era um sequestro, anunciou isso?
Carolina – Não. Ele disse que não era um sequestro. Ele disse que queria roubar o carro, dinheiro, e que ia me soltar. E eu ia trabalhando com a ideia de que ele ia me soltar.
Em que ponto da viagem ele lhe tirou do porta-malas?
Carolina – Ah, eu convenci ele de me tirar do porta-malas quando ele disse “ah, vou te botar pra frente”. Aí eu disse “não, aí quando a gente estiver andando na BR, quando estiver mais rápido, não tiver ninguém olhando para os carros do lado, destampo o porta-malas e pulo pra frente”. Aí ele “ah, vou pensar”. Depois comecei a falar de novo, “não, mas então quem sabe tu me deixa sentar na frente, a minha coluna está doendo, está meio abafado”, ele disse “tá apavorada?”. E eu “não, não, minha coluna está doendo. Estou sentada aqui e está ruim”. Daí ele “então tá bom, senta pra frente”. Daí eu sentei pra frente, pulei o banco e fiquei ali.
Que lição você tira depois de passar tanto tempo nas mãos de um sequestrador, passar de um Estado para o outro e ninguém ter parado vocês?
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Carolina – Fiquei pensando assim… eu não sabia até que ponto já estavam me procurando ou não. Eu não conseguia saber por causa do celular. Aí, na verdade, em Curitiba, quando liguei o celular vi várias mensagens. Mas ninguém nunca parou a gente. Na verdade, se tivessem parado, eu ia colaborar com ele e fazer tudo o que ele me pedisse. Eu colaborei sempre, todas as vezes que ele me disse para ficar no carro esperando, fiquei ali. Quando a gente parou no posto, tentei fazer um pouco de sinal com a mão, mas a tampa estava muito trancada no porta-malas.
E o que você achou quando viu que a notícia do seu desaparecimento tinha se espalhado pelas redes sociais?
Carolina – Eu pensei “que bom, funciona rápido” (riso nervoso). Na verdade, eu fiquei também um pouco mais segura. Se já estão me procurando, não fui eu que falei nada… o problema não é meu, digamos assim…
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Ele a ameaçava?
Carolina – Um pouco. Quando ele saía do carro, sim. Mas mesmo assim, uma hora ele saiu do carro e eu fiquei sentada na frente. Ele deixou a chave e eu fiquei ali. Depois, ele voltou, tirou a chave e disse “não faz gracinha”. Eu disse “não, beleza. Estou aqui sentadinha. Estou te esperando”.
Você não pensou em sair correndo?
Carolina – Quando eu fiquei muito tempo trancada no porta-malas, sim. E ele saía por tempos mais longos. Mas como eu não sabia muito bem onde eu estava, eu pensei “vai que este cara está esperando eu sair do porta-malas”. Disse “não, eu fico aqui e a gente vai trabalhando de outra forma”.
E ele chegou a falar com alguém?
Carolina – Ele falou com alguém, ele tinha um celular. Ele quis usar o meu, mas acabou a bateria. Ele falou com alguém, mas eu não sei quem era. E eu não vi… mas eu acho que ele fez alguns negócios. Trocou umas coisas.
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E no final, que estratégia você usou para que ele se convencesse a lhe libertar?
Carolina – Eu fui dizendo pra ele que eu ia voltar para Florianópolis, que eu não ia ligar pra ninguém. Na verdade, foi um pouco do que eu fiz também. Eu só mandei uma mensagem rápido de Curitiba. Consegui carregar um pouquinho (o celular) no computador da companhia aérea. E aí liguei mesmo para alguém quando eu cheguei aqui. Foi o que eu combinei com ele.
* Com informações de Diogo Vargas e Joyce Santos