Quando decidiu se mudar de Florianópolis para Curitiba aos 14 anos de idade, com o objetivo de estudar balé no Teatro Guaíra, Carolina Kasting Arruda causou uma revolução na sua vida e na de sua mãe. A adolescente que ela mesma descreve como quietinha, mas não santinha, cismou que queria ser bailarina: juntou as coisas e foi.
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Durante a infância, por ser a caçula de três irmãos, Carolina acompanhava a mãe em tarefas nem sempre divertidas para uma criança como ir ao banco, fazer compras para a casa e caminhar no calçadão. Para recompensá- la, a mãe encerrava os compromissos com algo prazeroso – um sorvete de bola ou uma ida à confeitaria.
– Minha mãe era a mulher mais bonita do mundo. Adoro quando dizem que sou parecida com ela quanto tinha a minha idade – diz Carolina entusiasmada.
Mas, algum tempo depois de chegar a Curitiba, não muito entusiasmada com a rotina de oito horas diárias de treinos no balé – atividade responsável por uma cena que chocou a mãe, quando viu os pés da filha banhados em sangue, mas do qual herdaria para sempre a postura impecável -, Carolina subiu para São Paulo. Foi lá que, ao lado da irmã e também atriz, Rejane Arruda, começou a se envolver com o teatro.
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A essa altura, a mãe que até pouco tempo esperava ver a filha na faculdade, havia se rendido: foi à livraria, comprou uma montanha de livros sobre teatro e deu para as filhas. Yara Kasting Arruda é uma mulher de porte elegante, do tipo que sustenta com facilidade uma calça comprida laranja- neon com saltos altos, e que leva a sério a tarefa de falar sobre os filhos. Na mesa de um café quase vazio, ela abre uma pasta com pelo menos 20 fotografias da família.
Para Yara, formada em psicologia e casada com o engenheiro Sergio Arruda, é curioso o fato de os três filhos – os três arteiros, como os chama – terem escolhidos carreiras pouco tradicionais: o mais velho, Guga Arruda, foi surfista e hoje possui uma fábrica de pranchas. Uma pista para a coincidência pode estar no fato de que, quando era jovem, Yara participava de concursos de beleza e ouvia as pessoas lhe dizerem que deveria ser atriz.
– Em toda família pode existir uma parcela mínima do desejo hereditário inconsciente e que pode atuar na escolha de um filho, mas não no seu talento. Ina tem um baita de um talento, e eu nada. Prova é que sempre foi superdeterminada, quis a carreira por ela mesma e conseguiu tudo o que é – diz Yara, deixando todo o crédito para a filha.
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