Michel Temer faz um corpo a corpo às vésperas da retomada do processo de impeachment no Senado porque planeja uma aprovação com larga vantagem. Enquanto são necessários 54 votos para o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff, o Planalto trabalha com até 62 votos. Por isso, a reunião de última hora com senadores do Nordeste. Quanto maior o apoio do Congresso, maior a legitimidade do governo, que – se confirmado o impedimento de Dilma – não terá mais a desculpa da interinidade.
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Dependente de uma base gelatinosa, precisará de força política para aprovar medidas polêmicas. Enquanto isso, senadores petistas reconhecem que nem o ex-presidente Lula tem mais condições de virar votos.
Os 22 apoiadores de Dilma se reuniram ontem para traçar a estratégia sobre as perguntas às testemunhas à presidente, em um dia que será histórico. Para eles, o melhor dos mundos é que Dilma consiga sair como vítima, ao menos aos olhos da militância.
Papo reto
Michel Temer também está trabalhando no primeiro discurso a ser apresentado ao país, em caso de confirmação do impeachment. Assessores o aconselham a ser bem claro sobre os planos de seu governo nos próximos 28 meses. Ele vai dizer que pretende colocar ordem na casa e apontar os avanços para o período.
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Se é para valer…
Aprovação de reajuste dos salários de ministros do STF no Senado será um desgaste sem tamanho para o governo Temer. Enquanto ministros falam de austeridade, PMDB diz o que bem entende. Para manter o discurso, presidente ficará obrigado a vetar.
De mal
A bancada ruralista está descontente com o presidente da Câmara. Ele não estendeu os trabalhos da CPI da Funai. Integrantes da CPI acusam o presidente de ter sucumbido às pressões do PT. Com isso, as quebras de sigilo de ONGs, que já estão na comissão, não poderão ser analisadas. A suspeita é que um exministro de Dilma está bem enrolado.