Michel Temer mal começou a governar e já enfrenta o primeiro escândalo

Romero Jucá abriu a temporada de escândalos da Lava-Jato no coração do governo interino de Michel Temer. E não foi por falta de aviso. Quando escolheu o senador do PMDB de Roraima para o comando do Ministério do Planejamento braço estratégico da equipe econômica , Temer sabia que corria riscos. Investigado pelos procuradores, Jucá podia explodir a qualquer momento.

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Ao mesmo tempo, é um dos parlamentares mais poderosos do Congresso. Articulador político experiente, trabalhou a favor do impeachment na Câmara e no Senado. Vitorioso em sua missão, queria um ministério. Ganhou e ficou apenas 10 dias no comando da pasta. Agora, pediu exoneração, enquanto a Procuradoria-Geral da República não se manifesta. Mas quem acredita que ele possa voltar? Ouça o comentário:

Neste caso, Jucá se deu muito mal por ter falado em uma conversa, que era para ser reservada, aquilo que muitos caciques de grandes partidos também pensam: que a Lava-Jato deveria ter um freio. Algo que já é impossível, graças à mobilização do Ministério Público, da Polícia Federal, sob a supervisão da opinião pública. As desculpas apresentadas pelo senador beiraram o ridículo, ainda mais diante da evidência dos áudios. Afilhado do presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado resolveu se proteger, gravando conversas com nomes da cúpula do PMDB. Em negociação, essa delação premiada vale ouro.

Sob forte desgaste, Temer não tinha saída. Se Jucá não saísse do governo, não haveria mais clima para governar. Aliás, o presidente interino está sentado em cima de uma bomba-relógio. Hoje é Jucá, mas amanhã poderá ser o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), sem falar no líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), enrolado até o pescoço. É a prova de que o presidente interino errou feio ao priorizar o pragmatismo das relações com o Congresso. Mal começou a governar e já precisa dar explicações. A segunda semana do governo Temer era para ter a marca da política econômica, com a votação da mudança da meta e medidas de recuperação da atividade econômica. Tudo foi ofuscado pelo escândalo Jucá. E é só o começo.

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