O interesse político predominou no plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar do sólido e incontestável voto do ministro Herman Benjamin pela cassação da chapa Dilma-Temer, quatro ministros optaram pela absolvição com um único objetivo: garantir um fôlego ao presidente Michel Temer. Benjamin apresentou provas documentais e dissecou as irregularidades cometidas nas últimas eleições. Mas já estava consolidada a tese das defesas de retirada das delações do processo, com a alegação de que não estavam na petição inicial. É a Justiça Eleitoral fechando os olhos para o crime:
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— Recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão — avisou Benjamin, deixando a saia-justa para os colegas.
Foi o funeral da credibilidade do TSE. Lembrando que esse processo poderia ter sido engavetado em 2015, no governo Dilma Rousseff, mas o próprio ministro Gilmar Mendes não deixou que isso ocorresse, abrindo o caminho para a captação de mais provas. Agora, no governo Temer, quando as evidências do crime apareceram, ele foi o primeiro a mobilizar os votos pela absolvição. Logo ele, que havia dito que o TSE não resolveria o problema político.
— Não há prova segura e cabal que as doações de 2014 tenham decorrido do esquema ilegal de repasse de propinas da Petrobras ou que recursos repassados por empresas teriam necessariamente origem ilegal – argumentou Admar Gonzaga.
Em depoimento ao TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que quatro quintos dos recursos da campanha que reelegeu Dilma-Temer foram caixa 2. Mas essas informações foram descartadas pelo plenário do tribunal. As mais recentes fases da Lava-Jato têm explicitado que grande parte do dinheiro desviado de empresas públicas foi parar de alguma maneira nas contas de partidos. Quando um caso concreto, envolvendo a suspeita de abuso econômico, chega a mais alta corte eleitoral, a resposta é a impunidade. É importante, no entanto, ressaltar as posições dos ministros Luiz Fux e Rosa Weber, que honraram as togas ao não fechar os olhos para as provas.
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Enquanto isso, na Praça dos Três Poderes, o presidente Temer se negou a responder as 82 perguntas formuladas pela Polícia Federal. O advogado reclamou que ele estava sendo alvo de um ¿rol de abusos¿ e agressões. Para quem acreditava que a partir de tudo que a Lava-Jato revelou estava se formando um novo Brasil, a sexta-feira foi um balde de água fria: terminou em pizza ou em um grande deboche.