É impressionante a falta de uma estratégia clara do Planalto diante do impasse do impeachment. Na reunião do ministro Ricardo Berzoini (Secretaria Geral) com os líderes, o governo reconheceu a gravidade da derrota na votação da comissão especial e que precisa o mais rapidamente possível trabalhar em duas frentes: reconquistar deputados da base aliada e lançar alguma medida de impacto na economia que alivie o clima de insatisfação. A essas alturas, duas iniciativas praticamente impossíveis. O governo Dilma se notabiliza pela falta de articulação junto ao Congresso. Há cinco anos que os deputados reclamam que sequer são atendidos por ministros petistas, não têm os seus apadrinhados nomeados e as emendas não são pagas. Enfim, não se sentem na obrigação de garantir fidelidade. Quanto à medida econômica, sem orçamento e com inflação em alta, não se pode exigir criatividade do ministro Joaquim Levy (Fazenda). Resta aos governistas rezar para que o STF acolha a tese do voto aberto para a escolha da comissão especial.
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MANOBRAS
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está jogando com o tempo e com o regimento para adiar a abertura do processo de cassação no Conselho de Ética. Deputados temem que a próxima manobra seja encaminhar ao conselho ações contra todos os deputados que respondem a algum tipo de processo que possa ser classificado como quebra de decoro. Aliados de Cunha estariam levantando a ficha corrida dos colegas.
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FRANGALHOS
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Com a queda de Leonardo Picciani (RJ) da liderança do PMDB na Câmara, os governistas falam em uma nova reforma ministerial. Neste caso, seria para contemplar o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Renan representa o PMDB que ainda está ao lado do governo. As mudanças seriam para fevereiro.
EM PESO
A bancada catarinense do PMDB assinou em peso a lista para derrubar Leonardo Picciani (RJ) da liderança do partido na Câmara. A manobra reforça o grupo a favor do impeachment e praticamente sepulta as relações com o Planalto.
VÉSPERA DE RECESSO
Quem conhece o plenário do STF aposta que cada voto de um ministro para o caso do rito do impeachment não terá menos de uma hora e que duas sessões poderão ser insuficientes para a conclusão do julgamento.