Se o próximo presidente da Câmara não for um filhote de Eduardo Cunha, o país já está no lucro. O difícil é romper essa tendência. Embora existam deputados qualificados, é complicado viabilizar uma candidatura competitiva, vencer a força do chamado baixo clero. Ao contrário de outros tempos, não há um líder de consenso, com condições políticas para colocar a casa em ordem. É o salve-se quem puder.

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São mais de 15 interessados. Mas as negociações acabarão afunilando para a disputa entre o Centrão (união de partidos como PP, PTB e SD) e a antiga oposição. Há deputados defendendo que o mandato tampão fique com um nome que não seja tão próximo do ex-presidente da Casa, que indique uma mínima possibilidade de mudança. O ideal, aliás, é que houvesse uma transformação total nos padrões éticos. Mas o cardápio é de amargar.

A turma de Cunha lidera a lista, começando por Rogério Rosso (PSD-DF), Beto Mansur (PRB-SP), Giacobo (PR-PR). O DEM defende o nome de Rodrigo Maia (RJ), um deputado que transita bem na Câmara e que pode conquistar votos, inclusive no Centrão. E como fica o presidente interino, Michel Temer, em meio a essa disputa? Faz de conta que não está ligando. O eleito, no entanto, estará absolutamente alinhado ao Planalto. O governo só não quer um racha entre os partidos da base, por isso age nas sombras.

A prova é a movimentação no WhatsApp da bancada do PMDB. Ontem, dos 66 deputados, apenas cinco ousavam defender candidatura própria. Atento, Cunha entrou na conversa para pedir calma. Sim, mesmo todo enrolado, ele dá palpite. Neste caso, a maioria dos peemedebistas espera orientação do Planalto para votar. Se o impeachment for confirmado pelo Senado, Temer precisará que o plenário seja conduzido com firmeza na votação de temas polêmicos. Até fevereiro, quando há novas eleições na Câmara, Temer quer contar com um homem de confiança.

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Por conta

Assim que Eduardo Cunha renunciou à presidência da Câmara, os deputados Luis Carlos Heinze e Jerônimo Goergen, do Rio Grande do Sul, conversaram com Esperidião Amin (PP) sobre a candidatura alternativa à presidência. Ex-governador de SC e respeitado pelo plenário, Amin já avisou o PP que gostaria de entrar na disputa. O problema é que não conta com apoio fechado dentro do próprio partido. O PP integra o chamado Centrão, que vem bancando nomes próximos de Cunha.

Dentro do PT

Há posições diferentes dentro da bancada do PT sobre a estratégia a ser adotada na escolha do novo presidente da Câmara. Henrique Fontana (RS) defende que os petistas priorizem dois critérios sobre o candidato: não pode ser ligado a Cunha, nem ter votado a favor do impeachment. Já o deputado Décio Lima (SC) argumenta que essa última exigência seria um limitador e que a bancada precisa apoiar uma candidatura viável:

— O nosso grande desafio é sair do isolamento — reconhece.Lava-Jato

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