Carolina Bahia: “Restou a Dilma, cada vez mais isolada, apenas o ato político às vésperas do julgamento”

Até senadores aliados da presidente afastada Dilma Rousseff concordam que ela perdeu o timing para lançar sua mensagem ao Senado e ao povo brasileiro. A essa altura a carta não vira votos no julgamento do impeachment. A própria leitura, feita pela petista no Palácio da Alvorada, foi quase impessoal. O texto só não foi mais frio porque, ao se defender, Dilma voltou a lembrar que enfrentou a tortura, que não tem contas no Exterior, que não há registros em sua vida de desonestidade, covardia ou traição, e que não quer sofrer uma injustiça.

O documento contribuiu para o discurso do PT, fortalecendo a narrativa do que o partido chama de golpe. Restou a Dilma, cada vez mais isolada, apenas o ato político às vésperas do julgamento. Ao terminar a leitura das quatro páginas ela saiu da sala sem se despedir. Nem precisava. À noite surgiu a informação de que o ministro do STF, Teori Zavascki, abriu inquérito para investigar Dilma, Lula e dois ex-ministros por obstrução à Justiça. A situação da petista só piorou.

Até o fim

Cinco ex-ministros acompanharam com bastante atenção a leitura da carta da presidente. Jaques Wagner, Aloizio Mercadante, Miguel Rossetto, Ricardo Berzoini e Eleonora Menicucci permaneceram o tempo todo ao lado de Dilma.

Nada a perder

De um assessor sobre a possibilidade de Dilma ir ao Senado fazer a própria defesa:

? Ela só não vai se não deixarem. E tudo indica que será no dia 29 de agosto.

Senadores e ex-ministros defendem a presença dela no plenário. O temor, no entanto, são as eventuais perguntas de senadores.

Privilégios

O STJ negou por unanimidade recurso da Associação de Magistrados Catarinenses que pedia a liberação do pagamento duplo de auxílio-moradia para casais de juízes. Os ministros disseram não ver motivo para reverter decisão do Tribunal de Justiça de SC, que já havia suspendido o benefício somado.

Morando longe

Quem anda sumida da capital federal é a ex-ministra Ideli Salvatti.Amiga próxima da presidente Dilma, poderia estar ao lado dos colegas que continuam no Alvorada.